Racionalização Estrutural

O tipo do edifício, suas finalidades e sua utilização, caracterizam uma arquitetura específica, a qual tentará suprir os requisitos da edificação de maneira adequada.

Acompanhando o conceito de “Alto Padrão” sempre que vêm aliadas as palavras arrojo e requinte, as quais se adaptam muito bem a metodologia de emprego da Estrutura Metálica.
Dentro de um conceito de arquitetura onde se prega o livre uso da imaginação para dar personalidade a um espaço, mantendo a praticidade, a beleza plástica e a originalidade,  fica difícil trabalhar dentro do padrão de construção barata, ou seja, um cubo com janelas e portas.
A arquitetura de grandes vãos e grandes balanços encontra um meio de utilização ideal nas construções de Alto Padrão, cuja estética é conciliada com o arranjo estrutural necessário.
O desenvolvimento e a aplicação da arquitetura não devem ser barrados por limitações de cunho histórico ou técnico, como se pode perceber claramente no Brasil, onde notadamente tem sido empregado um conservadorismo muito grande em termos de processos construtivos.
Não se tem o costume de analisar novas técnicas e métodos, apenas porque, ilusoriamente, os métodos convencionais são mais baratos, ou pelo menos não sofrem a interferência de setores especializados da construção. Esta tradição construtiva, que emprega basicamente o concreto como elemento estrutural tem sido tão forte, que mesmo nos casos onde seria recomendado o uso da estrutura metálica, usa-se a de concreto com consequente aumento de custo.
Isto tem bloqueado o avanço da estrutura metálica pois cada método tem o seu campo de atuação, sem que tenha que bloquear ou prejudicar o outro. Deve ficar bem claro que o uso da estrutura metálica deve necessariamente estar associado a casos onde ela de fato seja economicamente e praticamente mais viável que outras técnicas, caso contrário, correríamos o risco de criar uma nova tradição de uso de aço, em detrimento do uso destas outras técnicas.
Em nenhum instante deverá ser dita a frase “A estrutura metálica é mais barata que a de concreto”, de maneira absoluta, mesmo porque, não é verdade, já que para obras simples onde a arquitetura não nos obrigue a usar da esbelteza do aço ou não seja necessário o uso de grandes vãos, balanços e formas de difícil execução em concreto, a estrutura de concreto passa ser economicamente vantajosa. Por outro lado, numa estrutura onde a repetitividade seja grande, a necessidade de rigor dimensional, a leveza e a esbeltez sejam requisitos básicos, o que normalmente são em edifícios comerciais, o aço passa ser bem mais vantajoso.
É claro que o uso de estrutura metálica sugere algumas vantagens acessórias, que em certos casos tornam-se de vital importância para o projeto, como a rapidez da execução, a limpeza da obra, a menor área necessária para canteiro de obra, etc.
Obras que necessitam de leveza por problemas de fundações sobre solos ruins, por problemas de acessibilidade, necessidade de rapidez por instabilidade do tempo, obras de ampliação, de adição de andares, ou obras com necessidade de poucos apoios, estruturas suspensas, ou obras com problemas topográficos, todas estas têm muito mais receptividade e exequibilidade na técnica da estrutura metálica.
Em relação ao conceito de arquitetura deve-se fazer uma ressalva. A arquitetura pode condicionar o uso da estrutura metálica por dois meios diferentes. Um deles é o estilo, uma forma de expressão nitidamente ligada a busca da beleza, como uma marca, uma diferenciação da estrutura. É uma caracterização da edificação. O outro meio é a necessidade, basicamente estabelecida para atender a um tipo específico de solicitação do contratante. Partindo-se de uma condição pré-estabelecida para o resultado final da obra, desenvolve-se uma arquitetura aplicável. Obviamente na maioria dos casos os dois meios coexistem de modo que um sempre interfere no outro, causando como resultado final o arrojo, a funcionalidade e principalmente a diferenciação.
A arquitetura brasileira ainda se ressente da falta deste conceito de arrojo, salvo exceções, das arquiteturas norte-americana, Europeia e mais recentemente japonesa, o que se deve principalmente ao comodismo justificado pelo hábito de se utilizar dos padrões de construção em concreto, já tão arraigados na nossa cultura. Talvez até pelas condições da economia do país, ainda não se tenha tomado o rumo da construção metálica em escala tão grande como no exterior, usando-se portanto, o velho conceito de comparação pura e simples , sem a análise subjetiva de vantagens acessórias e da valorização da forma.

Analisando-se financeiramente a estrutura metálica em comparação com a estrutura de concreto, mais a nível de investimento, obviamente dentro do tema “Alto Padrão”, temos a seguinte rotulação:

 

 

A – Estrutura Metálica: devido a rápida execução da estrutura, o investidor verá seus recursos aplicados ao longo de um período mais curto em relação às construções convencionais, o que gera uma segurança maior, pois ele estará menos sujeito a reajuste e correções devidos a um cenário econômico instável. Consequentemente o retorno de seu investimento será mais breve.

B – Estrutura de Concreto: As estruturas de concreto em geral, quando comparadas com as de aço, possuem em prazo de execução maior. Portanto, numa economia como a do Brasil, os materiais, principalmente o cimento, que não é estocado, ficam sujeitos a grandes variações de preços, o que leva a correções, distorções no custo total da obra num volume muito grande.

 

 

Particularização

 

a) Pequeno Investidor: é aquele que, em geral, faz a estrutura para uso próprio, mais comumente residencial. Este investidor não dispõe de grande volume de recursos e logicamente não tem fontes que possam gerar tais recursos. Portanto, não é interessante para ele fazer um investimento, do qual não se sabe o montante e nem ao menos como será o desembolso. É nessa hora que a estrutura metálica facilita o investimento, pois o investidor sabe exatamente o tanto de recursos necessários e a resposta para o investimento é imediata, mesmo que o concreto seja mais barato. Este investidor, normalmente, já investiu no mercado da construção, quer seja em construção unifamiliar (por administração) ou em edifício (preço de custo) e ele, mais do que ninguém, conhece as divergências entre os custos orçados e os custos reais, sendo que ele é hoje, sem dúvida, a maior força na utilização da construção estrutural metálica. Em geral, são profissionais liberais e empresários não ligados a área da construção civil. 

 

b) Grande Investidor: em geral é aquele que constrói para comercializar o imóvel, portanto, necessita de um retorno rápido para não ficar com o capital imobilizado. A estrutura metálica consegue agilizar a obra diminuindo o tempo de imobilização de capital, diminuindo consequentemente a possibilidade de prejuízos por mudanças na política econômica.

 

Aplicação Econômica da Estrutura Metálica

 

a) Edifício de escritório em geral:
Para este tipo de utilização, a arquitetura busca compatibilizar os espaços de maneira que haja o maior aproveitamento da área, consequentemente, dá-se preferência a um arranjo estrutural com pilares periféricos e grandes vãos, onde a esbelteza e a leveza são importantes, portanto a estrutura metálica é recomendada.

Outro ponto a ser considerado é que frente a repetitividade causada pela modulação, técnica bastante utilizada na engenharia e na arquitetura, a produção em série de peças estruturais em aço barateia ainda mais a estrutura e consequentemente, a montagem, também repetitiva, fica mais fácil e ágil, diminuindo o gasto com mão-de-obra e com tempo de uso de equipamentos em geral.

 

b) Residências de Alto Padrão:
A estrutura metálica, dentro de condições de técnicas, disponibilidade de mão-de-obra e de capacidade de produção de perfis metálicos, não se presta, ainda, no Brasil, para a utilização em residências de baixo custo como as de conjuntos habitacionais para população de baixa renda, o que não significa que não possa vir a ser, quando as tradições derem lugar as pesquisas.
A utilização da estrutura metálica em residências de alto padrão está diretamente associada às disposições do projeto de arquitetura, onde se valoriza a forma e o melhor aproveitamento dos espaços. Por exemplo, uma sacada, elemento constantemente empregado neste tipo de projeto, com um balanço muito grande, sem dúvida, uma estrutura metálica desempenharia um papel melhor do que o concreto: ou então numa sala sem pilares centrais, o que aumentaria muito os vãos, também viabiliza a estrutura metálica. Os mezaninos, em geral, com formas suaves e discretas, dando a sensação de estarem flutuando, só conseguem este efeito de leveza se executados com perfis metálicos.
 
 
 
 

 

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