Cronologia do uso dos metais

Organizada por Thomaz dos Mares Guia Braga

» MUNDO ANTIGO

Tão longe quanto se remonta no tempo, os vestígios do homem na Terra são marcados por armas, por instrumentos ou pelo resultado da ação do fogo.
“Cerca de dez a vinte mil anos antes da nossa era, a retirada dos últimos glaciares teve como consequência na Europa o estabelecimento de um clima temperado.

“Enquanto desapareciam os animais ferozes, os homens começaram a estabelecer-se fora das grutas e das cavernas, a praticar a agricultura e a domesticar animais. O período correspondente, chamado Período Neolítico ou Nova Idade da Pedra, é aquele em que se constituíram as bases técnicas das nossas civilizações.

“O Período Neolítico é caracterizado por uma considerável extensão das técnicas primitivas. Estas são a partir de então aplicadas a gêneros de vida novos e têm de satisfazer necessidades variadas.” (1)

As transições de um grande período histórico para o seguinte são sempre graduais, e assim foi a transição da Idade da Pedra para a Idade dos Metais. O cobre era utilizado no Oriente Médio já no quinto milênio antes de Cristo, e talvez também no Egito. O bronze apareceu no Oriente no quarto milênio, e pouco mais tarde no Egeu, mas não surgiu no mediterrâneo ocidental antes do terceiro milênio a.C.

“Todos os povos da Idade da Pedra Polida (Neolítico) tiveram um embrião de metalurgia. Mas isso não quer dizer que todos tenham tido, desde essa época, conhecimento das técnicas metalúrgicas. Na realidade fizeram uso acidental de metais nativos, especialmente o ouro.
“A metalurgia é uma síntese; pressupõe o uso coerente de um conjunto de processos, e não a prática de um instrumento único. A sua verdadeira origem é desconhecida. Com efeito, a forja põe em jogo as percussões (martelo), o fogo (fornalha), a água (têmpera), o ar (fole) e os princípios da alavanca.

“No início a raridade dos metais era tão grande que só eram forjadas armas. A utensilagem corrente continuava a ser de pedra ou de madeira. Por isso, o cobre, o bronze e o ferro não vieram suplantar brutalmente a pedra. Instrumentos de pedra e instrumentos de metal coexistiram até o início dos tempos históricos e, em certos casos, até os nossos dias.

 

“O desenvolvimento da civilização desde o período neolítico prossegue através de uma série de ‘culturas’, caracterizadas cada uma delas por um conjunto mais ou menos definido de técnicas fundamentais.

 

(…) “O início das civilizações antigas está estreitamente ligado ao progresso dos trabalhos agrícolas. Surgem as (…) ‘cidades’, que o trabalho das aldeias alimenta. Estas cidades dirigirão o comércio, a indústria, a vida social, fixando as tribos. Assim se edificaram, em bases pastoris e agrícolas, as civilizações dos grandes impérios. (…) A ceifa fez-se primeiro com foices de madeira ou de barro providas de dentes de sílex, muito cortantes, e depois com foices metálicas.
(…) “O uso do cobre, depois do bronze, em seguida do ferro, vai-se definindo pouco a pouco na evolução destas culturas, sem introduzir uma brusca modificação.
“Baseada nesta herança, a Antiguidade construirá brilhantes civilizações. Estas ensinarão ao homem a arte de julgar as suas próprias obras, mas não transformarão as suas bases técnicas. Só a Grécia, por meio das suas invenções, conduzirá a humanidade por uma nova via, a via da ciência e das suas aplicações, prodigioso desenvolvimento das inspirações primitivas do homem técnico.

“O Egito, como a Mesopotâmia, a Índia e a China, foi um foco de civilização, isto é, um centro de cultura humana superior. Semelhantes centros favoreceram sempre o progresso das técnicas antigas e frequentemente iniciaram mesmo técnicas novas. Os progressos da metalurgia, e especialmente da metalurgia do ferro, são disso um exemplo.”(2)

“Durante parte do período de florescimento das culturas egípcia e mesopotâmica, outras civilizações se desenvolveram na meso-América – isto é, na área hoje correspondente ao México e algumas regiões da América Central.
“Entre 800 e 400 a. C., o centro Olmeca mais importante situava-se em La Venta, em Tabasco (a sudoeste da atual Tonala). Nessa época, a cerâmica era mais elaborada, e se organizaram alguns locais de comércio para a importação de jade, minério de ferro, cinábrio (principal minério do mercúrio), a serpentina mineral e outras mercadorias, mas não se conhecem bem os detalhes quanto aos usos desses materiais. Há um fato interessante revelado pela escavação arqueológica: a presença de um tipo de colar feito de pequenos espelhos côncavos de ferro, tendo cada um um pequeno furo no centro.” (3)

Os Andes Centrais foram o berço de outro grupo de civilizações. Mesmo sem contato direto com a América Central, o desenvolvimento era semelhante. A principal diferença tecnológica era que os povos andinos descobriram como trabalhar ouro, prata e cobre, que usavam em utensílios e joias.
“Mesmo nos estágios mais antigos da civilização Inca, a maior da América do Sul pré-colombiana, revelam-se certas características notáveis: o motivo de uma cabeça de felino usado amplamente na decoração e uma grande gama de trabalhos em metal, que inclui a soldagem de ouro fino martelado, ornamentos e pontas de lança de cobre, trabalhos com prata e a preparação de fusões. A fundição com cera também era conhecida. (…) Dois séculos mais tarde os Incas poderiam ser descritos como uma civilização dotada de considerável tecnologia. Praticavam a irrigação e o controle da água em escala maior que seus predecessores, inventaram um método de construção com alvenaria sem cimento, usaram a alavanca e promoveram o emprego de outras ferramentas de metal, e possuíam uma balança de braços.” (4)

» O USO DOS METAIS

Provavelmente, o cobre foi descoberto por acaso, quando alguma fogueira de acampamento foi feita sobre pedras que continham minério cúprico. É presumível que algum observador neolítico de olho arguto tenha notado o metal assim derretido pelo calor do fogo, reproduzindo mais tarde o processo propositadamente. Por certo tempo o cobre foi usado na forma pura porque assim era obtido. Mas o cobre puro é por demais mole para fazer instrumentos e armas úteis. Do 4º ao 3º milênio, as técnicas de fusão e modelagem vão se sofisticando quando surge a primeira liga, o cobre arsênico, composto tão venenoso que logo terá que ser substituído. O passo seguinte foi a descoberta de que a adição ao cobre de apenas pequena proporção de estanho formava uma liga muito mais dura e muito mais útil do que o cobre puro. Era a descoberta do bronze, que possibilitou ao homem modelar uma multidão de novos e melhores utensílios: vasos, serras, espadas, escudos, machados, trombetas, sinos e outros. Mais ou menos ao mesmo tempo, o homem aprendeu a fundir ouro, prata e chumbo.
Entre 3.000 e 2.200 a.C. – época contemporânea dos sumérios e do antigo império egípcio -, a Idade do Bronze chegou para os povos neolíticos que ocupavam Creta e as Cíclades. Florescentes manufaturas de metal existiam em Creta por volta de 2500 a.C., nas Cíclades e na parte meridional do continente.
A procura dos minérios, pelos testemunhos que os egípcios, por exemplo, nos puderam deixar, foi a causa de muitas expedições guerreiras e de inúmeras rotas comerciais que favoreceram as mais diversas trocas.

» O TRABALHO DO FERRO

Uma brilhante descoberta conduz a outra, às vezes logo depois. Assim, apenas cerca de 2.000 anos após a descoberta do cobre e do bronze, o ferro também passou a ser usado. Esse novo metal já era conhecido no segundo milênio antes de Cristo, mas por longo tempo permaneceu raro e dispendioso e seu uso só foi amplamente estabelecido na Europa por volta de 500 a.C.
Ao mencionar a descoberta do ferro, ultrapassamos os limites dos tempos pré-históricos e invadimos a era da história escrita. Ao alvorecer essa nova era, a cultura, em diversos lugares, amadurecia em civilização. Após centenas de milhares de anos de lerda e tediosa preparação pré-histórica, chega o princípio da história da civilização.
O vestígio mais remoto deste metal é um conjunto de quatro esferas de ferro, datadas de 4000 a.C., encontradas em El-Gezivat, no Egito.
Por volta de 1500 a.C., havia exploração regular de minério no oriente próximo e os hititas são citados, na tradição grega, como o povo dominador das terras e da técnica de obtenção e fabrico de instrumentos de ferro.

 

» A TÉCNICA DE FUNDIÇÃO DO FERRO

Antes de saber como obter o ferro pela fusão de seus minérios, o homem por vezes fazia ferramentas e armas de pedaços de meteoritos de ferro batidos. A fusão começou a existir na Ásia Menor por volta de 1.500 a.C. e a arte se tornou amplamente conhecida por volta de 1.000 a.C.
Da descoberta não sabemos qual tenha sido o conjunto de acidente e intuição. Difundiu-se lentamente, primeiro até o Egito e em seguida até o Egeu, onde, mesmo nos tempos homéricos, o ferro era considerado metal raro e as armas eram feitas de cobre reluzente. O emprego do ferro alcançou a bacia do Danúbio Superior por volta de 900 a.C., sendo dessa área levado pelos celtas migrantes rumo ao Ocidente até a França e a Península Ibérica, e no sentido norte-ocidental, através da Alemanha, até as Ilhas Britânicas.

Todo o ferro primitivo seria hoje em dia classificado como ferro forjado. O método de obtê-lo “consistia em abrir um buraco em uma encosta, forrá-lo com pedras, enchê-lo com minério de ferro e madeira ou carvão vegetal e atear fogo ao combustível. Uma vez queimado todo o combustível, era encontrada uma massa porosa, pedregosa e brilhante entre as cinzas. Essa massa era colhida e batida a martelo, o que tornava o ferro compacto e expulsava as impurezas em uma chuva de fagulhas. O tarugo acabado, chamado ‘lupa’, tinha aproximadamente o tamanho de uma batata doce das grandes.

“Com o tempo, o homem aprendeu como tornar o fogo mais quente soprando-o com um fole e a construir um forno permanente de tijolos em vez de meramente fazer um buraco no chão. O aço era feito pela fusão do minério de ferro com um grande excesso de carvão vegetal ou juntando ferro maleável e carvão vegetal e cozinhando o conjunto durante vários dias, até que o ferro absorvesse carvão suficiente para se transformar em aço. Como esse processo era dispendioso e incerto e os fundidores nada sabiam da química do metal com que trabalhavam, o aço permaneceu por muitos anos um metal escasso e dispendioso. Só tinha emprego em coisas de importância vital como as lâminas das espadas.

“Entre os outros aperfeiçoamentos estavam o acréscimo de um fundente, como a pedra calcária, à mistura de minério e carvão, para absorver as impurezas do minério, a invenção das tenazes e marretas para trabalhar os tarugos de metal e a têmpera dos objetos de metal pelo seu aquecimento até à temperatura adequada com o esfriamento subsequente pelo mergulho na água.” (5)

» AS CIVILIZAÇÕES CLÁSSICAS

“Em todos os domínios, mas principalmente no domínio das técnicas industriais, as civilizações do Egito e da Mesopotâmia foram, na verdade, os ‘professores’ da Grécia. O milagre grego não surgiu do nada. Consistiu em recolher e fecundar, uma pela outra, duas heranças: a herança positiva das técnicas industriais e a herança misteriosa dos sonhos, das religiões, dos mitos do Oriente. O que é milagroso é ver nascer do encontro e choque destas tradições um espírito novo: o espírito da ciência, cujo ideal é julgar livremente todas as coisas, é encontrar a verdade.

(…) “Uma intensa procura da habilidade técnica fez de Atenas a grande escola da precisão e da perfeição, tanto no domínio das formas como no domínio das ideias.
(…) “É a ciência, nascida das livres especulações da Grécia, que permitirá ao gênio moderno transformar radicalmente a condição industrial da humanidade.
(…) “As proezas técnicas destes iniciadores diziam frequentemente respeito à arte militar. A mecânica aplicava-se já ao armamento, à balística, à defesa das praças. Mas o primeiro triunfo decisivo da técnica grega desde o século VI a.C. é um triunfo pacífico, no domínio dos trabalhos públicos; a perfuração do túnel de Samos, pelo arquiteto Eupálinos (o túnel segue em linha reta por mais de um quilômetro).
(…) “Entre as técnicas que solicitaram o entusiasmo inventivo do jovem pensamento grego figuram, em primeiro lugar, as técnicas do mar. A âncora é uma invenção grega do século VII a.C.. Nessa mesma época, os vasos de guerra eram armados com um temível ‘esporão metálico’ e equipados com cinquenta remadores para desfechar ataques rápidos e certeiros.
(…) “A sinalização não foi esquecida. O Farol de Alexandria, obra de uma técnica mais avançada, foi sempre, pelas suas dimensões e pelo seu poder (60 quilômetros de alcance), o mais célebre exemplo destes faróis, multiplicados já pelos gregos para uso dos navegadores.
(…) “A intervenção decisiva do pensamento matemático, entre os fatores do progresso industrial, produziu-se na Grécia, com a criação da ‘mecânica racional’.
Engenheiro e matemático de gênio, Arquimedes elucidou completamente o princípio geral da alavanca (…). Transformando esta velha inspiração técnica numa ideia clara e numa verdade cientificamente estabelecida, Arquimedes abriu ao espírito humano um imenso campo de deduções que podiam ser todas convertidas em novos instrumentos de trabalho material (287 – 212 a.C.).
“Quer dizer, o estudo geral do equilíbrio dos sólidos fundado nas experiências das primeiras máquinas simples(6) constitui o ponto de partida racional de todos os progressos da mecânica aplicada.

“Com a mecânica e a partir da Escola de Alexandria (desde o séc. III a.C. mas sobretudo a partir do séc. II a.C.), assiste-se à eclosão das verdadeiras técnicas modernas, isto é, instrumentos concebidos pela razão, claramente deduzidos de princípios científicos, para um fim prático preciso: instrumentos que teriam sido capazes de diminuir consideravelmente ‘o esforço dos homens’.
(…) “Destes ensaios isolados, tentativas suscitadas pela arte militar(7), a cirurgia e a medicina, a maquinaria do teatro, o transporte de materiais, destacam-se pouco a pouco ‘ideias técnicas’ muito precisas. Mas o seu interesse torna-se prodigioso quando se verifica que estas ideias técnicas descobertas pelos gregos têm, de fato, um enorme alcance industrial – e sobre elas assenta uma boa parte da nossa potência moderna. Destas ideias, uma das mais fecundas foi a do parafuso(8), da qual nasceram inúmeras invenções; é da adaptação do parafuso à porca que se constitui a chamada cavilha de ligação, ainda indispensável à nossa técnica moderna.”(9)

Este quadro mostraria a inteligência grega na posse de muitas das ideias fundamentais da técnica moderna.

“De uma maneira geral, as invenções técnicas dos gregos, com exceção talvez do moinho de água e dos instrumentos cirúrgicos, serviram mais para observação científica ou para curiosidade, para a arte ou para a guerra, do que para a transformação sistemática do trabalho humano.

“A transformação técnica do mundo, que teria talvez salvo a cultura mediterrânica, foi ignorada pela invenção grega, apesar das prodigiosas antecipações – assim como o foi pela poderosa organização romana. Estas duas grandes formas da sabedoria antiga foram hostis ao desenvolvimento industrial.

(…) “A origem desta extraordinária ‘esterilidade’ prática parece residir principalmente no fato de que a sociedade antiga não dava especial interesse à supressão da escravatura, supressão que não podia considerar nem possível(10) nem realmente desejável. Adaptados durante séculos à utilização da energia humana, os antigos, longe de pedir semelhante transformação das suas tradições econômicas, sociais, políticas e religiosas, tinham antes razão para a temer. Consciente ou inconsciente, esta reserva das civilizações clássicas em face do maquinismo é um fato notável.” (11)

» O MUNDO MEDIEVAL

Após a queda do Império Romano, desenvolveu-se na Espanha a Forja Catalã, que veio a dominar todo o processo de obtenção de ferro e aço durante a Idade Média, espalhando-se notadamente pela Alemanha, Inglaterra e França.
Desde o século VI ao século X, em pequena escala, depois sobretudo do século XI ao século XIII, a obra de “colonização” agrícola e de aproveitamento da terra foi sendo realizada. Contudo, esses esforços só conseguem um fraco rendimento, pois a técnica continua sendo primitiva.
“Com a ‘coelheira moderna’, uma invenção do século X, o cavalo tem a garganta completamente livre e pode com toda a liberdade tomar a posição mais favorável ao seu esforço. Esta invenção técnica, de extraordinária importância, foi acompanhada por uma série de aperfeiçoamentos ou de inovações que melhoraram e aumentaram os seus efeitos. Um desses diz respeito ao próprio cavalo: a ferradura de cravos, inventada, ou, talvez, reinventada, mas, em qualquer caso, sistematicamente desenvolvida na Idade Média.”(12)

“No século IV d.C. os fundidores hindus foram capazes de fundir alguns pilares de ferro que se tornaram famosos. Um deles, ainda em Déli, tem uma altura de mais de 7 metros, com outro meio metro abaixo do solo e um diâmetro que varia de 40 cm a mais de 30cm; pesa mais de 6 toneladas, é feito de ferro forjado e sua fundição teria sido considerada impossível, naquele tamanho, na Europa, até época relativamente recente. Mas a coisa mais notável, talvez, nesse e em outros pilares de sua espécie, é a ausência de deterioração ou de qualquer sinal de ferrugem (óxido magnético de ferro seria a explicação).

“De todos os trabalhos dos chineses em física – campo em que eles deram muitas contribuições importantes -, o mais significativo foi a invenção da bússola magnética. No século VI, eles descobriram que pequenas agulhas de ferro podiam ser magnetizadas caso fossem esfregadas com um pedaço de magnetita (uma forma do óxido de ferro). Tempos depois, foi adotada pelos marinheiros, e era comum nos navios chineses talvez desde o século X e, certamente, no século XI; seu uso pelos chineses para a navegação precedeu sua adoção no Ocidente em pelo menos cem anos.” (13)

» A ALQUIMIA

Na cultura árabe, a alquimia era uma “mistura de ciência, arte e magia que floresceu gradualmente até atingir uma forma inicial de química. A alquimia referia-se à transformação da substância dos objetos na presença de um agente espiritual, muitas vezes chamado de ‘pedra filosofal’. Usavam-se metais e minerais, mas se acreditava que participavam não apenas como corpos materiais, mas também como símbolos do mundo cósmico do homem – daí sua correlação, em desenhos e manuscritos de alquimia, com sinais astrológicos: por exemplo, o sinal do Sol indicava o ouro, o da Lua, a prata, enquanto o de Mercúrio significava mercúrio e Vênus, o cobre. Era uma ‘ciência’ que envolvia o cosmo e a alma, em que a natureza era um domínio sagrado, que fazia nascer minerais e metais. “(14)
A alquimia ocidental estava muito mais preocupada com a transmutação de metais não-preciosos em ouro do que a oriental.
“O ferro e o aço eram, nos tempos mais antigos, considerados inteiramente à parte como substâncias diversas. Mas, assim como o alquimista medieval tentou transformar os metais básicos em ouro, assim também o trabalhador do ferro fez a tentativa – com êxito algo maior – de transformar o ferro em aço. Mas praticava ele apenas uma forma bem sucedida de alquimia. Transformava uma substância em outra por métodos mais mágicos do que científicos. O seguinte trecho de um tratado medieval que descreve a manufatura de uma lima de aço denota o ambiente de magia que cercava o que na realidade constituía um processo metalúrgico simplíssimo:
‘Queima-se o chifre de um boi no fogo, raspando-o e misturando-o com uma terça parte de sal e em seguida moendo-o bem. Depois coloca-se a lima no fogo e quando brilhar salpica-se esse preparado por toda ela, e, aplicando-se algumas brasas, sopra-se rapidamente sobre ela, mas de tal forma que a têmpera não caia… arrefecendo-a na água.’
“Expresso em termos mais técnicos, o processo descrito por Teófilo consistia em acrescentar-se carbono e aquecê-lo até que o ferro tivesse absorvido ou dissolvido bastante carbono para adquirir as características do aço.
“Assim, da aurora da Idade do Ferro até a última parte da Idade Média, o ferro era feito na fornalha ou ‘forja para fiar o ferro’. Ocasionalmente resultava o aço, conhecido como aço ‘natural’, porém o que de modo geral se obtinha era o ferro doce e soldável, rico em escória e impurezas. Ainda considerado um metal raro, o ferro era empregado, naturalmente, para ferramentas, armas e armaduras. Com bastante frequência, apenas a relha de um arado pesado e a ponta da lâmina eram de ferro. Pequena parcela era empregada nos grandes prédios da época clássica e medieval, muitas vezes sob a forma de grades de ferro ornamental. Mas o ferro era desconhecido na cozinha. O marceneiro geralmente tinha que trabalhar sem pregos; o arame era raro e uma agulha era quase considerada uma herança. Contudo, a fabricação do ferro processou-se largamente na Europa medieval, se não no resto do mundo antigo.”(15)
Permanece a verdade geral de que, antes do séc. XV, o ferro era obtido na Europa como uma massa pastosa que podia ser moldada pelo uso do martelo e não como um líquido que corresse para um molde.
“O fim da Idade Média, que prepara a Europa moderna pela extensão do maquinismo, é também testemunha das primeiras intervenções do capitalismo no esforço para a produção industrial.

“Esta evolução é acompanhada por grandes progressos técnicos, especialmente no que se refere aos transportes marítimos. Um impulso semelhante se observa no progresso da metalurgia. A força hidráulica foi aplicada aos foles da forja a partir dos princípios do século XIII. Assim se obteve uma temperatura mais elevada e regular. A carburação mais ativa deu a fundição, correndo na base do forno o ferro fundido susceptível de fornecer peças moldadas. O forno, que, a partir de então, se pôde ampliar, transformou-se no forno de fole (3 m de altura) e em seguida, no alto-forno (5 m de altura).”(16)

“O progresso técnico mais importante na história da indústria siderúrgica foi a invenção do alto-forno. Contudo, este não foi a criação de um gênio inventivo, tendo-se desenvolvido gradualmente a partir da forja para fiar o ferro. As altas paredes desse alto-forno rudimentar impediam que o lingote fosse retirado por cima. Ao invés, arrebentavam-se as próprias paredes e removia-se a massa de ferro, sendo o forno reconstruído para receber outra carga. O primeiro alto-forno foi construído no século XV. Desconhecem-se o tempo e o local exatos, embora provavelmente tivesse sido na Renânia. A invenção alterou a escala e natureza do trabalho em ferro.”(17)

“Outra grande contribuição desse período consistiu na obtenção de caracteres tipográficos metálicos móveis, bastante nítidos, susceptíveis de resistir à pressão e ao desgaste e de serem obtidos em número suficiente de maneira a permitir um resultado industrial. É o início da imprensa moderna, sem dúvida, um dos maiores impulsos ao Renascimento.

(…) “Desde o fim da Idade Média que o emprego do ferro fundido, o uso do arame e dos cabos metálicos dava ao equipamento técnico uma feição moderna completada pelo uso de correias para transmissões mecânicas e pelo aperfeiçoamento das ligas metálicas.”(18)

» A REVOLUÇÃO CIENTÍFICA

O alto-forno a carvão mineral apareceu por volta de 1630. O primeiro laminador remonta aproximadamente ao ano 1700. O processo de refinação do ferro chamado pudlagem foi patenteado na Inglaterra em 1781 por Henry Cort, difundindo-se com rapidez bem inusitada. A pudlagem é descrita como a mais pesada forma de trabalho jamais empreendida regularmente pelo homem. Entretanto, o grande impulso ao desenvolvimento da siderurgia ocorreu com o advento da tração a vapor e o surgimento das ferrovias, a primeira das quais inaugurada em 1827.
Até o fim do século XVIII, a maior parte das máquinas industriais eram feitas de madeira. O rápido desenvolvimento dos métodos de refinação e de trabalho do ferro abriu caminho a novas utilizações do metal e à construção de máquinas industriais e, por consequência, à produção em quantidade de objetos metálicos de uso geral. A verdadeira máquina é de metal: o desenvolvimento da metalurgia condicionará todo o desenvolvimento do maquinismo.
Em meio às guerras napoleônicas desenvolve-se a técnica do aço de cadinho. Krupp é um dos reivindicantes da patente ao fim da guerra em 1815. Mas o aço de cadinho só podia ser feito em quantidades relativamente pequenas, sendo o seu custo particularmente elevado.

» A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Entre as descobertas científicas, que gradativamente iam melhorando o processo de produção industrial, merece destaque a “utilização do carvão de pedra para redução do minério de ferro, que resultou na localização dos complexos siderúrgicos – independente da localização das florestas fornecedoras do carvão de lenha – e que veio determinar, por privilégios geológicos, o pioneirismo de uma nação na siderurgia. A Grã-Bretanha foi, realmente, a maior beneficiária dessa conquista científica, em razão de possuir, em territórios economicamente próximos, jazidas de minério de ferro e de carvão de pedra.
“Junte-se a isto toda uma estrutura comercial voltada para o exterior e já se pode vislumbrar o perfil de um país que, praticamente sozinho, foi capaz de deter o privilégio de domínio do mercado internacional de ferro, a ponto de ter sido considerada a ‘oficina mecânica do mundo’. Na Grã-Bretanha, na realidade, somente a indústria têxtil suplantou a indústria do ferro, na promissora aurora da Revolução Industrial.
(…) “Apesar de não ser o único país a produzir ferro, foi o primeiro a produzi-lo em escala considerável e se beneficiou do monopólio das relações comerciais com o mundo subdesenvolvido, monopólio esse que estabeleceu entre fins do século XVIII e início do século XIX.”(19)

A expansão da Revolução Industrial modificou totalmente a metalurgia e o mundo: o uso de máquinas a vapor para injeção de ar no alto-forno, laminares, tornos mecânicos e o aumento de produção transformaram o ferro e o aço no mais importante material de construção. Em 1779, construiu-se a primeira ponte de ferro, em Coalbrookdale, Inglaterra; em 1787, o primeiro barco de chapas de ferro e muitas outras inovações.

“Nenhum dos novos usos do ferro, no entanto, contribuiu de maneira mais decisiva para o desenvolvimento da indústria siderúrgica, do que as ferrovias.
“Somente na década de 1830, graças às encomendas das ferrovias à indústria siderúrgica, a indústria britânica retomou o ritmo de crescimento da última década do século XVIII.”(20). Exatamente em 1830, entra em operação a ferrovia Liverpool-Manchester.

“O auge da atividade de construção ferroviária se deu em 1847, quando a construção de 10.000 km de ferrovias estava em andamento. Por volta da década de 1850, este período havia passado, e a estrutura básica da rede ferroviária britânica havia sido estabelecida.
“Quando a rede ferroviária britânica tinha sido completada, a indústria siderúrgica ampliada foi capaz de suprir matéria-prima para a construção de ferrovias em outros países. Já em 1850 as exportações atingiram 39% do produto bruto da indústria – durante a primeira metade do século eram em média de apenas 25%.
“Os investimentos britânicos em ferrovias, fora da Inglaterra, foram o carro-chefe das exportações durante toda a segunda metade do século XIX, representando às vésperas da 1ª Grande Guerra, em 1913, 41% dos investimentos ultramarinos.
“O crescimento da indústria siderúrgica, certamente promovido pela implantação das redes ferroviárias, não somente britânicas como também europeias, ensejou a perspectiva de produção de ferro e aço em uma escala nunca vista anteriormente.

(…) “Tendo pois, praticamente, concluída sua rede ferroviária, a Grã-Bretanha passou a construir cada vez menos, enquanto crescia a construção de ferrovias na Europa, e nos demais continentes, com destaque para os Estados Unidos que, na década de 1870, construiu 51.000 milhas de estradas de ferro, o que representava tanto quanto havia sido construído, na mesma época, no resto do mundo. Na realidade, a Grã-Bretanha já não estava mais sozinha na exploração do mercado mundial.

“Os mercados aproximavam-se da saturação, pois, com suas economias incipientes e dependentes, não tinham capacidade de absorver a produção crescente da indústria britânica. Enquanto isso, os Estados Unidos continuavam com sua produção crescente, já que visavam quase que exclusivamente o mercado interno, de dimensões continentais.
“A situação econômica da Grã-Bretanha se deteriorava a tal ponto que os Estados Unidos e a Alemanha, no início da década de 1890, já ultrapassavam a indústria britânica na sua mercadoria essencial – o aço.
“Assim, o desenvolvimento da indústria siderúrgica criava sua própria crise e, dessa vez tão séria, a ponto de ser chamada de a ‘Grande Depressão’. O último quarto do século XIX foi, portanto, caracterizado pela agressão institucionalizada, agora sob a forma do imperialismo, fórmula encontrada para garantir os mercados e prolongar o domínio econômico.

“A siderurgia britânica tinha no entanto muito fôlego e, graças à fabricação de navios a vapor de ferro e aço e à exportação de produtos siderúrgicos, manteve-se ainda em condições de concorrer com outros países.”(21)
Na década de 1880-90 a produção dos altos-fornos dos Estados Unidos tornou-se a maior do mundo, e antes de 1900 a produção de aço norte-americana ultrapassou a da sua rival mais próxima, a Alemanha. Desde aquela data as indústrias siderúrgicas do continente norte-americano ampliaram-se num ritmo extraordinário. Em 1957, os Estados Unidos e o Canadá produziram, conjuntamente, 36,6% do ferro gusa e 36,5% do aço bruto do mundo. O rival mais próximo, a União Soviética, produziu consideravelmente menos da metade desse total.

Na segunda metade do século XIX o desenvolvimento siderúrgico foi muito rápido, aparecendo os processos Siemens Martin (1865), Bessemer (1870) e Thomas (1888), de obtenção do aço em escala industrial. Outro método de fabricação do aço que ganhou ampla aceitação é o forno elétrico. Mas, devido às suas pesadas demandas de energia, é de operação dispendiosa. Embora seja capaz de fabricar o aço a partir do ferro gusa, é normalmente utilizado para o ulterior refino do metal já refinado.
O trabalho do aço, base da nossa civilização, é agora seguido, passo a passo, pelo controle dos instrumentos científicos, tanto na medida das temperaturas como no exame microscópico dos produtos obtidos.
Atualmente o processo mais usado na obtenção do aço é o processo LD (Linz-Donawitz) e, nas aciarias espalhadas pelo mundo, são produzidas centenas de milhões de toneladas por ano (a marca de um milhão de toneladas por ano foi conseguida em 1876; em 1926, já se fabricava cem milhões de toneladas/ano, chegando-se atualmente a níveis de 700 milhões de toneladas, ou mais) de aços das mais diversas qualidades e propriedades mecânicas, sob a forma de chapas, perfis, barras, tubos, trilhos, etc.

» O FERRO E O AÇO NA CONSTRUÇÃO

“Há um momento na História em que o ferro passa a ser empregado com tão diversificados fins, dentre eles a construção de edifícios, que é inevitável o registro desse material como um fator essencial para as transformações de toda ordem por que passou a sociedade. Este momento é o século XIX.
(…) “Já no final do século XVIII, por ocasião do que se convencionou chamar de Primeira Revolução Industrial, o ferro, entre outros produtos industriais, surgiu como um material em condições de competir com os materiais de construção conhecidos e sacralizados até então, no que se refere a preço e outras qualidades.
(…) “O ferro esteve presente, a princípio timidamente, e posteriormente com mais intensidade, como material de construção de uso considerável, a ponto de se falar em uma arquitetura do ferro.
“Esta arquitetura existiu nos países europeus que se desenvolveram com a Revolução Industrial, nos Estados Unidos da América do Norte, e se manifestou praticamente em todo o mundo durante o século XIX.
(…) “A urbanização, acentuada nos países em fase de industrialização, mas também evidente em portos que, apesar de situados em regiões subdesenvolvidas, desempenhavam importante papel para a comercialização dos produtos industrializados, foi um fator decisivo para o surgimento de necessidades, que teriam de ser atendidas por novos edifícios e novos serviços. Em determinado momento, se chegou a pensar que o ferro viria substituir quase todos os materiais até então existentes. Em Londres, chegou a ser experimentado um tipo de pavimentação com esse material.
“É bem verdade que também existia, por parte dos produtores, uma incontida ansiedade por provar a viabilidade do novo material, justificada pelos desejados lucros nos negócios de produção das encomendas.”(22)
Com o aparecimento das ferrovias surgiu a necessidade de se construírem numerosas pontes e estações ferroviárias, tendo sido estas as duas primeiras grandes aplicações do ferro nas construções. As pontes metálicas eram feitas inicialmente com ferro fundido, depois com aço forjado e posteriormente passaram a ser construídas com aço laminado.
“Na realidade, não se deve atribuir somente às potencialidades plásticas do ferro fundido, nem às possibilidades estruturais do aço, o teor revolucionário do novo material. O que o ferro tinha de mais novo era a sua escala de produção, que era industrial, e que se contrapunha a todo um processo de execução das construções até então.”(23)
Algumas obras notáveis, de estrutura metálica, ainda em uso: a já referida ponte Coalbrookdale (Inglaterra), em ferro fundido, vão de 31 m, construída em 1779; Britannia Bridge (Inglaterra), viga caixão, com dois vãos centrais de 140 m, construída em 1850; Brooklin Bridge (New York), a primeira das grandes pontes pênseis, 486 m de vão livre, construída em 1883; ponte ferroviária Firth of Forth (Escócia), viga Gerber com 521 m de vão livre, construída em 1890; Torre Eiffel (Paris), 312 m de altura, construída em 1889; Empire State Building (New York), 380 m de altura, construído em 1933; Golden Gate Bridge (San Francisco), ponte pênsil com 1280 m de vão livre, construída em 1937; Verrazano – Narrows Bridge (New York), ponte pênsil com 1298 m de vão livre, construída em 1964 e World Trade Center (New York), 410 m de altura, 110 andares, construído em 1972.
“O Palácio de Cristal é a pedra de toque dos meados do século XIX e o que aponta em direção ao século XX. O Palácio de Cristal era inteiramente de ferro e vidro, foi projetado por um não arquiteto e foi desenhado para produção em escala industrial de suas partes. É, em certo sentido, uma origem, mas também ele teve suas origens, que nos levam de volta ao século XVIII. O emprego do ferro na arquitetura começa na França de 1780 com Soufflot e Victor Luis, voltados especialmente para a construção de teatros à prova de fogo e, na Inglaterra de 1790, com industriais que, agindo como seus próprios designers, tencionavam construir fábricas também à prova de fogo. Em ambos os casos, o ferro foi um expediente de significado altamente utilitário, mas não estético. Surgiu quase que por acaso em interiores, em construções românticas como o Pavilhão Real de Nash, em Brighton (1815-1820), e de maneira formal e externamente nas grandes pontes do mesmo período. A primeira ponte de ferro foi projetada em 1777 – a Ponte Coalbrookdale, na Inglaterra. Tem um vão de 100 pés (30 metros). Foi logo superada pela ponte em Sunderland (1793-1796), com 206 pés (63 metros) e pela Ponte Schuylkill, de James Finley (1809), com 306 pés (93 metros).
“Alguns arquitetos, no decorrer do século XIX – Matthew Digby Wyatt entre eles -, situam essas obras entre as estruturas mais bonitas do século. A partir da união do ferro e do vidro, Wyatt prevê, ainda em 1851, uma ‘nova era na arquitetura’.
“Por essa época, alguns dos mais ousados arquitetos de renome começaram a prestar atenção ao ferro; a Biblioteca de Ste. Geneviève de Paris, feita por Labrouste (1843-1850), e a Bolsa de Carvão de Londres, feita por Bunning (1846-1849), são os primeiros edifícios cujo caráter estético é determinado pelo ferro.
“Mas, de um momento para o outro, os Estados Unidos tinham deixado todo o mundo para trás. Fizeram isso desenvolvendo primeiramente o arranha-céu e, depois, descobrindo um estilo novo para ele. Em 1875, em Nova York, o Tribune Building, de Hunt, se elevava a 260 pés (quase 80 metros); em 1890, o Pulitzer World Building, de Post, chegava a 375 pés (mais de 110 metros).”(24)
“O que se convencionou chamar de Escola de Chicago costuma aparecer como um episódio isolado na história da arquitetura, e até mesmo surpreendente. Esquece-se de que os Estados Unidos da América do Norte produziram ferro com relativa abundância a partir de meados do século XIX, já conheciam e utilizavam os modelos (estruturas em ferro fundido) criados para resolver os problemas de riscos de incêndio em fábricas de tecido inglesas.”(25)
“Chicago, uma cidade mais nova que New York, e onde as tradições não tinham importância, acrescentou ao padrão de seus arranha-céus a inovação de grande amplitude, de aplicar o sistema de estrutura de ferro, originalmente utilizado para fábricas. Isso foi feito pela primeira vez por William Le Baron Jenney no Home Insurance Building (1833-1885).
“A importância da Escola de Chicago é tripla. Encara-se, com mente aberta, a tarefa de construir edifícios comerciais, e encontra-se a melhor solução em termos funcionais. Surgiu uma técnica de construção não-tradicional para preencher as necessidades do trabalho, e ela foi imediatamente aceita.”(26)
O triunfo da arquitetura em ferro chegou também na França, na exposição de 1889, centrado na conquista de novos materiais por novos arquitetos. “A Torre Eiffel, por sua altura e localização, tornava-se imediatamente um dos principais componentes da cena arquitetônica de Paris.”(27).

As principais aplicações das estruturas de aço na atualidade:

pontes ferroviárias e rodoviárias

edifícios industriais, comerciais e residenciais

  • galpões, hangares, garagens e estações
  • coberturas de grandes vãos em geral – torres de transmissão e subestações
  • torres para antenas
  • chaminés industriais
  • plataformas offshore
  • construção naval
  • construções hidromecânicas
  • silos industriais
  • vasos de pressão
  • guindastes e pontes-rolantes
  • instalações para exploração e tratamento de minério
  • parques de diversões
  • etc.

» FERRO E AÇO NO BRASIL

A atividade metalúrgica no início da colonização é exercida pelos artífices ferreiros, caldeireiros, funileiros, latoeiros, sempre presentes nos grupos de portugueses que desembarcavam nas recém-fundadas capitanias. “Por um lado, o artífice rapidamente ampliava suas atividades tornando-se fazendeiro, preador de índios ou comerciante e, por outro, as normas de aprendizado eram abandonadas, especialmente a proibição de acesso de índios e escravos ao ofício. A Câmara paulistana, ainda nos anos de 1500, advertiu seguidas vezes seus ferreiros para que isso não acontecesse: como evitar, entretanto, que o ferreiro ensinasse a seu filho bastardo mameluco o seu ofício? Surpreendente é a justificativa da advertência: ‘O temor de que os índios viessem a substituir por armas de ferro os toscos tacapes, machados de pedra e farpas ósseas das flechas’, ameaçando as comunidades.

“A matéria-prima sempre foi importada e rara. Assim, os engenhos de açúcar tinham na madeira seu principal material de construção, e metais só entravam nas operações absolutamente imprescindíveis, como os tachos de cobre para o cozimento do melaço, machados, enxadas e foices de ferro.”(28)

“Quanto ao ferro é certo que dele se fundiu enquanto houve fábrica em Santo Amaro, nas proximidades de São Paulo (as forjas da região de Biraçoiaba, anteriores a essa fábrica, segundo alguns textos, e onde o ferro de início passava por prata, só surgiram, de fato, mais tarde) entre 1607 e depois de 1620: era um ferro brando, mais brando que o de Biscaia, talvez por menos temperado, segundo um papel que consta do Livro Primeiro do Governo do Brasil. Cabe ao menos certa importância histórica ao engenho de Santo Amaro, por ser, cronologicamente, o mais antigo de que há notícia no hemisfério ocidental, embora ao de Jamestown, na Virgínia, se dê comumente essa primazia.” (29)

“O minério de ferro foi identificado e explorado desde o século XVI, como atestam as atas da Câmara de São Paulo. Sobre essas primeiras explorações, o Barão Eschwege dá notícia, sem precisar, entretanto, o processo utilizado para a obtenção do ferro.

(…) “No século XVII temos referência a forjas em Santana do Parnaíba (São Paulo), Santo Ângelo (Missiones), e do governador do Maranhão solicitando recursos para a instalação de engenho de ferro, negado pela Coroa sob a alegação de que não convinha continuar a manufatura dele, porque se o gentio o encontrasse com maior abundância no sertão, instruídos pelos que fugissem da cidade, fácil seria fabricá-lo, o que é um grave dano ao comércio do Reino, por ser o ferro a melhor droga que dele podia vir.

(…) “Por sua vez, Sérgio Buarque de Holanda fala em ‘fornos catalães’. E não podemos deixar de assinalar primitivos metalurgistas africanos, como aliás, em outras ocasiões, o autor alemão não deixa de anotar, no tocante a técnicas e utensílios trazidos pelos próprios escravos.

(…) “O ferro forjado produzido no Brasil, cuja destinação maior seria para utensílios, ferragens e armas de fogo, além de não ultrapassar volume extremamente reduzido, devido à dispersão da população, ainda era de qualidade muito baixa, com alto teor de carbono e de escória, produzindo um ferro quebradiço e pouco maleável, de difícil estiramento.

(…) “Essa situação seria alterada somente com a vinda da Família Real, quando duas ambiciosas empresas foram elaboradas, ambas com pesados investimentos estatais: o intendente Câmara, em 1808, construiu altos-fornos em Serro Frio (Minas Gerais) e Varnhagen, na mesma época, procurou instalar uma grande siderúrgica em Ipanema (Sorocaba), próxima às antigas instalações quinhentistas de Afonso Sardinha.”(30)

Mas, como o Barão de Eschwege observou, essas tentativas fracassaram pela fragilidade do mercado local. Para este, as pequenas forjas eram mais do que suficientes.
“A utilização de produtos de ferro e aço se limitava, na primeira metade do século XIX, a ferramentas de cultivo da terra e posteriormente, à instalação de engenhos centrais de açúcar. Esta uma inovação trazida pelos europeus para agilizar uma produção que ainda justificava investimentos, em função dos preços compensadores no mercado internacional e até mesmo para baixar o custo de produção, pela sua racionalização. Assim, os ingleses tentaram inclusive instalar no Brasil indústrias de ferro, experiências frustradas também em função da concorrência com produtos similares importados da Inglaterra e da França.(…) Dentre elas, se destaca a Fundição d’Aurora, a ‘Aurora Foundry’ ou ‘Starr & Cia.’, fundada em 1829 pelo inglês Christopher Starr, e que funcionou no Recife até 1873.”(31)

» ESTRUTURAS METÁLICAS NA CONSTRUÇÃO

“No século XIX, os ingleses dominaram os serviços públicos no Brasil. Quase sempre instalavam esses serviços às próprias expensas. Adquiriam a concessão da exploração por um tempo determinado, suficiente para ressarcir as despesas com o investimento, os custos de manutenção, os honorários e os lucros. É possível, portanto, que eles procurassem maximizar o investimento inicial, visando uma concessão mais longa de exploração dos serviços. É provável também que alguns itens desse investimento inicial não tivessem de ser necessariamente importados, mesmo considerando que muitos produtos industriais para construção civil aqui chegavam com melhor qualidade e melhor preço do que os similares brasileiros.

“Um serviço, instalado no Brasil e monopolizado por firmas inglesas, foram as ferrovias, monopólio esse somente rompido no fim do século XIX, pelo concurso dos belgas, mesmo assim para pequenos ramais.

“A partir da metade do século, foram construídas várias estradas de ferro no país, para servir essencialmente aos propósitos da exportação de produtos agrícolas. As linhas construídas não eram locadas com os objetivos de facilitar os transportes de pessoas e mercadorias, servir a rede urbana existente e promover o seu desenvolvimento. Visavam, primordialmente, o escoamento da produção local para os portos de exportação. De qualquer forma, desempenharam importante papel no desenvolvimento local. Foi o caso das estradas de ferro que transportaram café, açúcar e algodão para os portos de Santos, Rio de Janeiro, Recife, etc.

“A arquitetura ferroviária – que tantas esperanças despertara na Europa entre os poucos críticos de arte de vanguarda, também se manifestou aqui, repetindo, sem grandes variações e com raras exceções, os modelos europeus.

“As poucas exceções se constituíram nas estações em ferro corrugado na Cantagalo Railway, no Estado do Rio de Janeiro.(…) Outra estação que foge à regra geral é a de Bananal em São Paulo.
“Bananal, pequena cidade (…) próxima à fronteira com o Estado do Rio de Janeiro, notabilizou-se no século passado pela produção do café. Apesar da sua importância para a economia do Estado, a cidade ficou à margem da linha ferroviária Rio-São Paulo. Os fazendeiros de café decidiram, então, mandar construir uma estrada de ferro ligando a cidade a Barra Mansa, local onde passava a estrada Rio-São Paulo, e daí aos portos por onde escoariam a sua produção.

“Constituiu-se portanto, em 1880, a Companhia Estrada de Ferro Bananal, que contratou as obras com José Leite Figueiredo. A abolição da escravatura não só interrompeu as obras como também liquidou a empresa.(…) Coube aos engenheiros José Caetano Horta Barbosa e Machado da Costa concluir as obras iniciadas em 1880. Assim, em outubro de 1888, chegou a Bananal a estação ferroviária que ali seria montada.

“De fato, esta é uma estação singular no Brasil e, talvez, no mundo. Ainda não foi possível localizar outra edificação com essa mesma função e com a mesma forma.
“Em 1918 esse ramal ferroviário passou a pertencer à União. Mais tarde foi desativado. Hoje, não existem sequer os trilhos. A ‘elegantíssima’ estação deu lugar a um depósito de uma empresa pública. Isto enquanto não é restaurada, propósito que vem sendo anunciado já há algum tempo, mas que não se efetiva.

“(…) A mais sensacional das estações é, contudo, a da Luz, no centro da cidade de São Paulo. Com algumas modificações, feitas após um incêndio, a estação é, fundamentalmente, a mesma que se terminou de construir em 1901 e que, imponentemente, marcava a paisagem da capital paulista.
“(…) Dentre os edifícios pré-fabricados em ferro, importados pelo Brasil, nenhum tipo foi tão útil e tão disseminado quanto os mercados públicos.

“O Mercado de São José, no Recife, sem dúvida, é o mais antigo mercado de ferro existente no Brasil e, provavelmente, o pioneiro. A sua montagem final foi concluída em 1875 e está situado no bairro de São José. (…) O mercado jamais deixou de funcionar, desde o dia de sua inauguração.
“O Mercado de Peixe, em Belém, por muito tempo conhecido como o Mercado de Ferro, foi inaugurado em 1º de dezembro de 1901 (…). Não se conseguiu precisar a origem da estrutura metálica do edifício, embora se possa asseverar, dado às circunstâncias regionais, que tenha sido importada.

“O mercado continua em funcionamento e, com suas torres bizarras, é presença obrigatória nos cartões-postais da cidade de Belém.
“O Mercado Municipal do Rio de Janeiro foi o maior de todos os edifícios de ferro montados no Brasil, de origem européia.(…) Na década de 1950, o mercado municipal foi destruído para a construção de um viaduto, parte de uma das novas avenidas construídas para desafogar o tráfego de veículos automotores.

“(…) Passados trinta e três anos do estrondoso sucesso do Palácio de Cristal de Londres, o Brasil também inaugurou o seu. Certamente, a denominação que o edifício recebeu aqui se deve à similaridade do material empregado nos dois pavilhões e aos efeitos plásticos conseguidos, mantidas as devidas proporções.

“O edifício existe hoje, no mesmo lugar onde foi primitivamente montado: numa praça situada na confluência dos rios Piabanha e Quitandinha, na cidade de Petrópolis.(…) Restaurado recentemente, abriga exposições temporárias de arte, cumprindo objetivos propostos há um século. É todo em ferro e vidro.”(32)

É no Brasil que os programas mais ambiciosos foram elaborados para o desenvolvimento das indústrias siderúrgicas. O Brasil conta com a maior população de qualquer país latino americano bem como com o maior consumo de produtos de aço. Possui, além disso, as mais altas jazidas de minério de alto teor do continente, e também generosa parcela dos escassos recursos carboníferos da América Latina. Antes da Segunda Grande Guerra, existiam várias pequenas empresas siderúrgicas, com uma produção conjunta inferior a 100.000 toneladas de aço. Achava-se localizada perto das jazidas de minério de Itabira, sendo que algumas das usinas utilizavam carvão vegetal como combustível.

Em 1940, constitui-se a CSN com o objetivo de construir-se uma grande usina moderna integrada. “O país importava praticamente todo o aço de que necessitava, tanto que as instalações industriais da própria CSN foram construídas com estruturas fornecidas por empresas estrangeiras. (…) Não é de estranhar que a falta de tradição no uso das estruturas metálicas tenha levado a CSN, em 1950, a encontrar dificuldades na comercialização dos produtos de sua linha de perfis pesados.
“A entrada em operação, nos anos sessenta, da Cosipa – Companhia Siderúrgica Paulista – e da Usiminas – Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais – favoreceu uma notável expansão da oferta de produtos laminados planos no mercado.

“Na década seguinte a indústria siderúrgica se consolidaria como indústria de base, diminuindo consideravelmente as importações de produtos siderúrgicos.
“Com a ampliação e a modernização das nossas usinas, processou-se um efeito multiplicador que permitiu alcançar elevados índices de produtividade e de qualidade. Passamos da tradicional condição de importadores para a de exportadores de aço.”(33)

» NOTAS

1. DUCASSÉ, PIERRE, História das técnicas. Lisboa: Publicações Europa-América,1962, p. 21-5.
2. DUCASSÉ, PIERRE, História das técnicas. Lisboa: Publicações Europa-América,1962, p. 27-30
3. RONAN, COLIN A., História Ilustrada da Ciência da Universidade de Cambridge. R.J.: Jorge Zahar Editor, v.I, 1987, p. 53-5.
4. RONAN, COLIN A., História Ilustrada da Ciência da Universidade de Cambridge. R.J.: Jorge Zahar Editor, v.I, 1987, p.61.
5. DE CAMP, SPRAGUE, A História Secreta e Curiosa das Grandes Invenções….: Lidador, p. 178.
6. Estas máquinas simples eram: a roda e o seu eixo, a alavanca, a roldana, a cunha, o parafuso sem fim (parafuso engrenando uma roda dentada). Pelas suas combinações, essas máquinas geravam todos os aparelhos de levantamento (guinchos) conhecidos nessa época.(DUCASSÉ)
7. Entre essas tentativas mencionemos as catapultas dos engenheiros de Dinis o Antigo, que defenderam Siracusa em 397 a.C. contra a frota cartaginesa: máquinas enormes derivadas do arco da flecha, por uma série de estudos empíricos,(…) cujos resultados se exprimem em fórmulas numéricas (…). Também Ctesíbolo, discípulo de Arquimedes, inventou uma bomba hidráulica e desenhou catapultas operadas por molas de bronze e uma a ar comprimido.(DUCASSÉ)
8. O parafuso, a porca e as suas principais aplicações estão tradicionalmente ligadas aos nomes de Arquitas e de Arquimedes. Mas dá-se com essa invenção o mesmo que se dá com muitas outras: o uso do parafuso, originalmente um eixo cavado com um veio em espiral, liga-se a experiências muito antigas. O parafuso hidráulico, chamado “de Arquimedes”, parece antes remontar a certos aparelhos usados pelos egípcios para fazer subir a água.(DUCASSÉ)
9. DUCASSÉ, PIERRE, História das técnicas. Lisboa: Publicações Europa-América,1962, p. 36-46.
10. Veja-se a frase de Aristóteles: “Quando a lançadeira andar sozinha, os escravos serão inúteis”. Aquilo que era, no pensamento do filósofo, uma demonstração irônica da necessidade da escravatura, transformou-se numa involuntária profecia! (DUCASSÉ)
11. DUCASSÉ, PIERRE, História das técnicas. Lisboa: Publicações Europa-América,1962, p. 50-1.
12. DUCASSÉ, PIERRE, História das técnicas. Lisboa: Publicações Europa-América,1962, p. 63.
13. RONAN, COLIN A., História Ilustrada da Ciência da Universidade de Cambridge. R.J.: Jorge Zahar Editor, v.II , 1987, p. 59-76.
14. RONAN, COLIN A., História Ilustrada da Ciência da Universidade de Cambridge. R.J.: Jorge Zahar Editor, v.II , 1987, p. 126-7
15. POUNDS, NORMAN J. G., Geografia do ferro e do aço. R.J.: Zahar Editores, 1966, p. 12-3
16. DUCASSÉ, PIERRE, História das técnicas. Lisboa: Publicações Europa-América,1962, p. 72-5
17. POUNDS, NORMAN J. G., Geografia do ferro e do aço. R.J.: Zahar Editores, 1966, p.14-5
18. DUCASSÉ, PIERRE, História das técnicas. Lisboa: Publicações Europa-América,1962, p. 77-87.
19. SILVA, GERALDO GOMES DA, Arquitetura do ferro no Brasil. S.P.: Nobel, 1986, p.13-4.
20. SILVA, GERALDO GOMES DA, Arquitetura do ferro no Brasil. S.P.: Nobel, 1986, p. 15-6.
21. SILVA, GERALDO GOMES DA, Arquitetura do ferro no Brasil. S.P.: Nobel, 1986, p. 16-8.
22. SILVA, GERALDO GOMES DA, Arquitetura do ferro no Brasil. S.P.: Nobel, 1986, p.13-23
23. SILVA, GERALDO GOMES DA, Arquitetura do ferro no Brasil. S.P.: Nobel, 1986, p.25.
24. PEVSNER, NIKOLAUS, Origens da arquitetura moderna e do design. 2. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996, p. 35.
25. SILVA, GERALDO GOMES DA, Arquitetura do ferro no Brasil. S.P.: Nobel, 1986, p. 46.
26. PEVSNER, NIKOLAUS, Origens da arquitetura moderna e do design. 2. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996, p. 38.
27. PEVSNER, NIKOLAUS, Origens da arquitetura moderna e do design. 2. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996, p. 149.
28. VARGAS, MILTON, História da técnica e da tecnologia no Brasil. S.P.: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1994, p.108-9.
29. HOLANDA, SÉRGIO BUARQUE DE, História Geral da Civilização Brasileira. R.J.: Difel, v.I, 1977, p. 253.
30. VARGAS, MILTON, História da técnica e da tecnologia no Brasil. S.P.: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1994, p.102-112
31. SILVA, GERALDO GOMES DA, Arquitetura do ferro no Brasil. S.P.: Nobel, 1986, p. 21-83.
32. SILVA, GERALDO GOMES DA, Arquitetura do ferro no Brasil. S.P.: Nobel, 1986, p. 115-228
33. DIAS, LUÍS ANDRADE DE MATTOS, Edificações de aço no Brasil. S.P.: Zigurate Editora, 1993, p. 9-11.

Aspectos Gerais sobre normalização

Por: Carlos Freire
 
Define-se normalização como sendo o modo de estabelecer e aplicar regras com a finalidade de ordenar um determinado campo de atividade para o beneficio e com a cooperação de todos os interessados.
Suas aplicações principais são:
a] as unidades de medida;
b] terminologia e representação simbólica;
c] os produtos e procedimentos, definições e seleção das características dos produtos para definir sua qualidade, suas variedades, inter-cambilidade, etc;
d] segurança das pessoas e dos bens.

 
I – Normas de maior divulgação: A NÍVEL GLOBALIZADO.
 
AISC – American Institute of Steel Construction
AISE – Association of Iron and Steel Engineers
AISI – 
American Iron and Steel Institute
AASHTO – 
American Association of State Highway and Transportation Officials
ASTM –
 American Association of Texting Materials
AWS – 
American Welding Society
SAE – 
Society of Automotive Engineers
SSPC – 
Steel Structures Pouinting Council
CSIC – 
Canadian Institute of Steel Construction
JSIC – 
Japanese Institute of Steel Construction

 
II – Classificação das normas segundo seus objetivos:
a] Procedimento: Ex. NBR 8800 – Projeto e Execução de Estruturas de aço para edifícios.
b] Especificação: Ex. NBR 6649 – Chapas finas a frio de aço carbono estrutural.
c] Padronização: Ex. NBR 5884 – Perfis soldados de aço.
d] Método de ensaio: Ex. NBR 6673 – Produtos Planos de Aço – Determinação das propriedades mecânicas à tração.
e] Terminologia: Ex. NBR 5903 – Produtos Planos de aço.
f] Simbologia: Ex. NBR 7808 – Símbolos gráficos para projetos de estruturas.
g] Classificação: Ex. NBR 8643 – Produtos Siderúrgicos de Aço.
 
 
 
 

Estacas Metálicas

Por: Carlos Freire

Bastante econômicas em fundações que apresentam solos resistentes a grandes profundidades e com solicitações elevadas de cargas, as estacas metálicas mais utilizadas são:

a) Perfil H laminado e soldado: são as estacas mais utilizadas, uma vez que apresentam mesma inércia nas duas direções principais, além de fácil penetração na cravação.

b) Perfil duplo I laminado, soldado dois a dois: são bastantes comuns e apresentam características semelhantes aos perfis H.

c) Tubos de aço: apresentam espessura de parede acima de 5mm podendo ser cravados com ou sem ponteira.

A utilização de estacas metálicas implica na adoção de soluções protetoras contra corrosão como pintura, aplicação de resina epóxi e encapsulamento com concreto.

 

Estacas Pranchas
As estacas pranchas apresentam campo de atuação na execução de obras temporárias como valas para redes de água, esgoto e galerias, ou obras definitivas como contenções, arrimos de ponte e viadutos, canais à céu aberto, tapamentos e passagens urbanas rebaixadas.

As estacas pranchas são perfis que permitem o auto-acoplamento de várias peças sucessivas através de encaixes tipo “macho-fêmea”, são fornecidas com qualquer comprimento e apresentam maior rigidez e desempenho na cravação quando apresentam ondas ou saliências enrijecidas.

 

Podem ser combinadas com outras técnicas de contenção como pranchas de madeira, parede diafragma e apresentam as seguintes vantagens:

» Elevado reaproveitamento

» Obtenção de contenções impermeáveis

» Execução rápida

» Execução em obras temporárias e definitivas

» Atingem grandes profundidades

» Custo médio a alto

 

Apresentam as seguintes desvantagens:

» Difícil cravação em locais com interferências no subsolo.

» Difícil transporte e içamento em áreas urbanas congestionadas.

» Causam barulho e trepidação devido à cravação.

» Necessidade de proteção anticorrosiva.

 

 

 

Cobertura e Fechamento

Por: Carlos Freire

O uso de telhas de aços como cobertura e fechamento lateral é uma opção técnica e economicamente competitiva uma vez que variando-se a espessura da chapa e as características geométricas da seção, obtém-se componentes leves capazes de vencer vãos de diferentes extensões, além da variedade de cores possíveis de serem aplicadas.

 

São fabricadas por roloformagem a partir de chapas ou bobinas de aço laminado a frio com ou sem requisitos de propriedades mecânicas.

 

Para evitar a corrosão também são utilizados chapas ou bobinas de aço zincado por imersão a quente com ou sem pintura e chapas finas de aço resistente à corrosão atmosférica pós-pintada.

 

As telhas de aço podem ser onduladas, trapezoidais, sendo variáveis as alturas das ondas e das nervuras, o seu espaçamento, as suas dimensões e a presença ou não de estampas enrijecedoras.

Para vãos de médio e grande porte são fabricadas telhas autoportantes a partir da combinação de alguns tipos de seção com aços de alta resistência.

 

Em busca de um melhor conforto térmico e acústico é utilizado, entre dois perfis de telha, material isolante como por exemplo lã-de-vidro.

 

As telhas de aço são fixadas por ganchos de aço convencionais ou parafusos galvanizados auto-atarraxante ou auto-brocante.

Tanto os ganchos como os parafusos deverão ser fixados com arruelas metálicas e de neoprene.

Também são fabricados com as mesmas chapas utilizadas nas telhas, os rufos, as calhas, cumeeiras, pingadeiras e arremates,

 

Podemos citar como principais vantagens da utilização de telhas de aço como cobertura e fechamento lateral:

» Durabilidade adequada;

» Custos competitivos;

» Facilidade e velocidade de execução;

» Versatilidade de projeto: perfis de diferentes seções e diversas opções de cores.

 

 

 

 

 

Análise Comparativa

O AÇO E AS IMPLICAÇÕES NA ARQUITETURA


As estruturas Metálicas bem elaboradas arquitetonicamente traduzem aspectos de arrojo e modernidade. As vigas de aço, por sua elevada resistência e baixo peso próprio, permitem a execução das mais variadas obras, com soluções leves e econômicas.

O AÇO NA ARQUITETURA
Devido às excelentes propriedades mecânicas do aço, algumas implicações sensíveis se revelam na concepção arquitetônica de um projeto.

ESPAÇO OCUPADO PELAS COLUNAS
A coluna de aço ocupa um menor espaço em relação à convencional e em geral, implica em uma redução do número de pilares necessários; as garagens ficam mais amplas e tem-se maior área líquida para a comercialização.

Nos edifícios comerciais, estes itens são de extrema importância.

ALTURA DO CONJUNTO VIGA LAJE
Considerando que a altura de uma viga de concreto armado pode ser estimada pela relação h = vão/10 e para uma mesma viga de aço h = vão/20, a altura do conjunto viga-laje em Estruturas Metálicas aproximadamente irá representar 2/3 da altura do conjunto viga laje em concreto convencional.
Em termos práticos, isto pode representar uma redução de 0,4m na distância entre pisos, compostos de lajes com seis metros de vão, mantendo-se constante o pé direito livre (cota do piso-cota da face inferior da viga do pavimento superior).
Estas razões podem, conforme o projeto em estudo, levar a substanciais reduções das áreas totais de Alvenarias e Revestimentos.

É importante ressaltar que se a limitação imposta pela legislação local for representada pela altura total do edifício, é possível o ganho de um ou mais pavimentos.

OUTRAS VANTAGENS
O projeto arquitetônico de uma edificação em Estrutura Metálica permite também:
facilidades na utilização de materiais complementares pré-fabricados;
condições para projetar economicamente grandes vãos livres;
flexibilidade de utilização dos espaços construídos;
liberdade de formas;
desmontagem e remontagem da edificação em outro local; e ampliação e reforma da edificação, com o mínimo de interferência e transtornos na utilização normal do edifício.
 

O AÇO E AS SUAS IMPLICAÇÕES NO PROCESSO CONSTRUTIVO

 

PLANEJAMENTO
A síntese do planejamento de uma obra é o seu cronograma físico-financeiro que consiste em relacionar no tempo as várias tarefas que compõem o ato de construir, assim como os seus respectivos custos.
O sistema construtivo estruturado em aço, ao mesmo tempo que facilita a execução do planejamento, exige para seu completo êxito, um estreito relacionamento entre o arquiteto, projetistas estruturais e de utilidades, para que se índice as obras com todas as soluções já determinadas, evitando-se o improviso, correções e os prováveis desperdícios decorrentes.

É também imprescindível que o planejamento de aporte de recursos seja compatível com o desenvolvimento rápido da obra.

ECONOMIA NOS PRAZOS
Pode-se considerar reduções nos prazos de 35% nos edifícios comerciais e 25% nos edifícios habitacionais.
Entretanto, dependendo do tipo de edificação, a redução nos prazos pode alcançar até 50%.
PRECISÃO DE ORÇAMENTO
Com as Estruturas de Aço, a construção, transforma-se em uma simples tarefa de montar. A precisão das estruturas transmite-se aos demais itens, seja na regularização das lajes, seja nos revestimentos das alvenarias, instalações de tubulações de utilidades, esquadrias, elevadores etc.
Dessa maneira, não havendo desvios a cobrir, improvisações de canteiro a fazer, não existirão mais as justificativas entre o orçado e o realizado.
Por outro lado, as Estruturas de Aço são entregues ao construtor, montadas, a preço firme, o que vem reduzir substancialmente a dispersão orçamentária.
 

CUSTOS

ESTRUTURAS EM AÇO – UMA SOLUÇÃO ECONÔMICA
Em uma análise superficial, pode-se concluir erroneamente que um edifício estruturado em aço tenha o seu custo final superior ao do mesmo edifício estruturado convencionalmente, porque o preço de sua Estrutura Metálica é superior ao preço das estruturas de concreto armado.

 

Entretanto, devemos lembrar que não se trata de uma pura substituição do sistema estrutural, e sim de uma troca de sistema construtivo, ou seja, é necessário aproveitarmos a alta qualidade do aço e das excelentes características das estruturas obtidas a partir dele: resistência, leveza, prumo, esquadro, nível, rapidez e principalmente pela possibilidade de abordagem industrial com grande planejamento e racionalização do processo construtivo.

 

Apresentaremos a seguir, um modelo de estudo comparativo levando-se em conta os percentuais de participação de custo dos principais itens de uma edificação e que para melhor compreensão exemplificaremos com uma comparação entre alternativas de construção de um prédio comercial hipotético de dez pavimentos.

 

CUMPRE RESSALTAR, QUE AS DIVERSIDADES E PARTICULARIDADES DAS EDIFICAÇÕES, ASSIM COMO OS PROCESSOS OPERACIONAIS DE CADA CONSTRUTOR, IMPEDEM QUE OS NÚMEROS, REDUÇÕES E PERCENTUAIS APRESENTADOS, SE CONSTITUAM EM VALORES ABSOLUTOS E INDISCUTÍVEIS.

 

É FUNDAMENTAL, PORTANTO, QUE  PARA UMA DEFINIÇÃO CORRETA DA OPÇÃO CONSTRUTIVA DE UM EMPREENDIMENTO IMOBILIÁRIO, PROCEDA-SE A UMA CRITERIOSA AVALIAÇÃO E ANÁLISE, ESPECÍFICA DE CADA OBRA.
 

COMPARAÇÃO DE CUSTOS
Como anteriormente afirmamos, não se pode definir o sistema estrutural somente pela comparação de custo das estruturas, é necessário comparar também os demais itens que lhe fazem interface.

Assim, neste nosso exemplo comparativo, vamos dividir o estudo em etapas, sendo a primeira delas a que se refere aos custos das estruturas propriamente ditas.
 
1ª ETAPA DE COMPARAÇÃO – CUSTO DAS ESTRUTURAS
Comparamos nesse item, percentualmente sobre o valor total da obra, o custo de lajes, vigas, pilares e os contraventamentos metálicos, com lajes vigas e pilares de concreto armado.

2ª ETAPA DE COMPARAÇÃO – CUSTOS DE FUNDAÇÕES

O aço é um produto nobre, com excelente relação carga suportada/peso de aço, o que traduz numa edificação mais leve.

 

Em terrenos de condições normais tem sido obtidas reduções de até 30% no custo das fundações. Estes valores podem ser superados quando os mesmos estão classificados como “terrenos ruins”.

 

No caso de alguns edifícios, o alívio das cargas de fundações obtido com a utilização de Estruturas Metálicas permite que se utilizem em “tubulões a céu aberto” em lugar dos “tubulões a ar comprimido”, anteriormente especificados para a construção convencional.

 

 

3ª ETAPA DE COMPARAÇÃO – CUSTO DE ALVENARIAS E REVESTIMENTOS
Por outro lado, a precisão construtiva das Estruturas de Aço nos dá:
A ausência de desvios de posição das formas para concretagem, propiciando assim, a economia de mão-de-obra e argamassas da retificação de prumo e nivelamento de pisos.
É comum observarmos em construções convencionais, a utilização de argamassas de nivelamento com até 8 cm de espessura, para a planificação de suas fachadas e pisos.
Referências perfeitas de PRUMO, NÍVEL e ESQUADRO, para a execução das alvenarias, reduzindo o tempo de assentamento dos tijolos ou blocos, e a aplicação das argamassas de regularização e acabamento das paredes internas e externas.

Dependendo da tolerância dimensional dos elementos da alvenaria adotados pelo construtor,  pode-se especificar a espessura dos revestimentos das paredes internas com 0,5cm, obtendo-se assim uma substancial redução desses custos.

VERIFIQUE TAMBÉM O CUSTO DE SUAS ESCADAS
A altura exata entre vigas de piso assegurada pela precisão da Estrutura Metálica, aliada ao simples ato de encaixe de uma escada metálica pré-fabricada tornam o processo extremamente mais econômico em relação ao sistema convencional, no qual as escadas são executadas de forma artesanal.
Além disso, o custo das escadas está embutido no preço das estruturas metálicas.
 

 

4ª ETAPA DE COMPARAÇÃO – CUSTO DE INSTALAÇÃO DE UNIDADES, EQUIPAMENTOS E MANUTENÇÃO DE CANTEIRO

 

As Estruturas de Aço, como elementos pré-fabricados, se apresentam como ferramentas ideais para a racionalização do processo construtivo, através de uma concepção industrial do ato de construir.
Os projetos de instalações de dutos (hidráulicos-sanitários, elétricos, telefonia, ar condicionado e outros equipamentos) devem estar concluídos antes da elaboração do detalhamento de fabricação das Estruturas de Aço.
As passagens para os dutos devem ser executadas na fábrica, para reduzir custos e evitar a improvisação de canteiro e todas as suas implicações.
Pode-se assim, obter uma economia de 25% (ou mais) no custa das instalações, tanto na redução de desperdícios como na elevada produtividade decorrente da racionalização do processo.
As Estruturas Metálicas são normalmente adquiridas montadas, isto é, o construtor civil fica livre do ônus representado pela contratação e manutenção de uma grande equipes de coordenação e apoio administrativo, necessários para a execução de uma estrutura convencional, assim como dos custos decorrentes da elevada rotatividade de recursos humanos.
Contribuem também, para a redução dos custos de manutenção do canteiro, a limpeza e a racionalidade da construção estruturada em Aço, permitindo a aplicação de técnicas modernas de administração de materiais, eliminando desperdícios e os riscos de desvios.

É importante lembrar, que trabalhos publicados por especialistas da construção civil, indicam que os desperdícios e entulhos gerados pela construção convencional atingem valores alarmantes de 15 a 20% do valor total da obra.

 

A construção pré-fabricada estruturada em Aço, além de ter reduzido o custo que estes números sejam colocados em patamares razoáveis, entre 3 e 6%.

Por outro lado, a redução do prazo de execução da obra, implica em corte diretamente proporcional dos custos mensais da administração.

 

Convém lembrar que as Estruturas de Aço permitem a elaboração de um programa de entrega dos componentes estruturais onde se concatena a descarga noturna e montagem diurna, sem embaraços de trânsito e infrações ao código de obras local.
 
 
5ª ETAPA DE COMPARAÇÃO – CUSTOS COMUNS
Os custos dos demais componente da edificação, tais como: esquadrias, vidros, limpeza, etc., denominamos itens comuns, e que, neste exemplo, irão representar 30% dos custos diretos de construção.
 

6ª ETAPA DE COMPARAÇÃO – CUSTOS FINANCEIROS
Para concluir o estudo comparativo de custos, deveremos agregar o custo financeiro referente à imobilização dos recursos aplicados na construção da edificação.
O cálculo de valor total do custo financeiro é representado pela soma dos juros incidentes sobre as parcelas imobilizadas e pode ser expresso matematicamente por:
              k=p
C.F.T =  S k((1+ i)m – 1)
              k=0
onde:
C.F.T – Custo Financeiro Total.
x = valor de cada parcela imobilizada.
k = número do período de imobilização da parcela x.
i  = custo de capital (taxa de juros) expressa na forma decimal.
p = número total de períodos de duração da obra.
m = p-k = número de períodos de imobilização da parcela xk .
Entretanto, não é somente a redução de custos que define a viabilidade da utilização das estruturas do Aço, é necessário que se proceda às quantificações e respectivas valorações dos benefícios que se podem esperar:
 – Aumento da área líquida construída.
 – Antecipação da ocupação do imóvel.
 – Giro rápido do capital empregado.
 

VALORAÇÕES DOS BENEFÍCIOS

(1) – AUMENTO DA ÁREA LÍQUIDA CONSTRUÍDA
    O primeiro passo para a determinação dos benefícios obtidos com a construção de um edifício é conjugar a sua área real com o seu objetivo: venda, locação e/ou uso próprio.

    Quando comparamos outras alternativas de construção com o processo estruturado em Aço, é necessário levar em consideração essa opção pode introduzir modificações no anteprojeto arquitetônico, tanto no que diz respeito a ampliação do número de pavimentos, como na redução do espaço ocupado pelas colunas (maior área líquida disponível, incluindo maior número de vagas para o estacionamento de veículos).

(2) – ANTECIPAÇÃO DA OCUPAÇÃO DO IMÓVEL
    Quando se decide por um investimento imobiliário, deve-se levar em consideração o tempo de maturação do investimento, isto é, o prazo entre a concepção do projeto e a conclusão da obra.
    Sabe-se que o tempo é fator preponderante para a determinação da certeza de previsões de demanda, e que, quanto menor esse prazo, maior a probabilidade de acerto dessas previsões.
    Assim, a construção estruturada em Aço, com o seu curto prazo de execução, permite o rápido atendimento às condições de mercado, minimizando os riscos do empreendimento. Portanto, quando se comparam os processos construtivos para a realização do empreendimento, os benefícios oriundos da antecipação da ocupação propiciada  pela construção em Aço, devem ser devidamente computados.

    A antecipação de ocupação do edifício Áurea, em Brasília, foi de dez meses em relação ao cronograma original para a construção convencional. A utilização de Estruturas Metálicas, possibilitou também o acréscimo de vagas de garagem e a construção de mais um pavimento, mantendo-se a mesma altura total do projeto inicial.

(3) – GIRO RÁPIDO DO CAPITAL EMPREGADO
    O capital é, sem dúvida, o recurso mais escasso na construção civil, e reduzir o seu período de imobilização é a maneira correta para otimizar a sua aplicação e aumentar a produtividade desse segmento industrial.
    A construção estruturada em Aço, vai ao encontro desse anseio do setor, propiciando uma grande redução do prazo de imobilização desse recurso.


ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA – COMPARAÇÃO ECONÔMICA DE ALTERNATIVAS DE INVESTIMENTO
 
 

Racionalização Estrutural

O tipo do edifício, suas finalidades e sua utilização, caracterizam uma arquitetura específica, a qual tentará suprir os requisitos da edificação de maneira adequada.

Acompanhando o conceito de “Alto Padrão” sempre que vêm aliadas as palavras arrojo e requinte, as quais se adaptam muito bem a metodologia de emprego da Estrutura Metálica.
Dentro de um conceito de arquitetura onde se prega o livre uso da imaginação para dar personalidade a um espaço, mantendo a praticidade, a beleza plástica e a originalidade,  fica difícil trabalhar dentro do padrão de construção barata, ou seja, um cubo com janelas e portas.
A arquitetura de grandes vãos e grandes balanços encontra um meio de utilização ideal nas construções de Alto Padrão, cuja estética é conciliada com o arranjo estrutural necessário.
O desenvolvimento e a aplicação da arquitetura não devem ser barrados por limitações de cunho histórico ou técnico, como se pode perceber claramente no Brasil, onde notadamente tem sido empregado um conservadorismo muito grande em termos de processos construtivos.
Não se tem o costume de analisar novas técnicas e métodos, apenas porque, ilusoriamente, os métodos convencionais são mais baratos, ou pelo menos não sofrem a interferência de setores especializados da construção. Esta tradição construtiva, que emprega basicamente o concreto como elemento estrutural tem sido tão forte, que mesmo nos casos onde seria recomendado o uso da estrutura metálica, usa-se a de concreto com consequente aumento de custo.
Isto tem bloqueado o avanço da estrutura metálica pois cada método tem o seu campo de atuação, sem que tenha que bloquear ou prejudicar o outro. Deve ficar bem claro que o uso da estrutura metálica deve necessariamente estar associado a casos onde ela de fato seja economicamente e praticamente mais viável que outras técnicas, caso contrário, correríamos o risco de criar uma nova tradição de uso de aço, em detrimento do uso destas outras técnicas.
Em nenhum instante deverá ser dita a frase “A estrutura metálica é mais barata que a de concreto”, de maneira absoluta, mesmo porque, não é verdade, já que para obras simples onde a arquitetura não nos obrigue a usar da esbelteza do aço ou não seja necessário o uso de grandes vãos, balanços e formas de difícil execução em concreto, a estrutura de concreto passa ser economicamente vantajosa. Por outro lado, numa estrutura onde a repetitividade seja grande, a necessidade de rigor dimensional, a leveza e a esbeltez sejam requisitos básicos, o que normalmente são em edifícios comerciais, o aço passa ser bem mais vantajoso.
É claro que o uso de estrutura metálica sugere algumas vantagens acessórias, que em certos casos tornam-se de vital importância para o projeto, como a rapidez da execução, a limpeza da obra, a menor área necessária para canteiro de obra, etc.
Obras que necessitam de leveza por problemas de fundações sobre solos ruins, por problemas de acessibilidade, necessidade de rapidez por instabilidade do tempo, obras de ampliação, de adição de andares, ou obras com necessidade de poucos apoios, estruturas suspensas, ou obras com problemas topográficos, todas estas têm muito mais receptividade e exequibilidade na técnica da estrutura metálica.
Em relação ao conceito de arquitetura deve-se fazer uma ressalva. A arquitetura pode condicionar o uso da estrutura metálica por dois meios diferentes. Um deles é o estilo, uma forma de expressão nitidamente ligada a busca da beleza, como uma marca, uma diferenciação da estrutura. É uma caracterização da edificação. O outro meio é a necessidade, basicamente estabelecida para atender a um tipo específico de solicitação do contratante. Partindo-se de uma condição pré-estabelecida para o resultado final da obra, desenvolve-se uma arquitetura aplicável. Obviamente na maioria dos casos os dois meios coexistem de modo que um sempre interfere no outro, causando como resultado final o arrojo, a funcionalidade e principalmente a diferenciação.
A arquitetura brasileira ainda se ressente da falta deste conceito de arrojo, salvo exceções, das arquiteturas norte-americana, Europeia e mais recentemente japonesa, o que se deve principalmente ao comodismo justificado pelo hábito de se utilizar dos padrões de construção em concreto, já tão arraigados na nossa cultura. Talvez até pelas condições da economia do país, ainda não se tenha tomado o rumo da construção metálica em escala tão grande como no exterior, usando-se portanto, o velho conceito de comparação pura e simples , sem a análise subjetiva de vantagens acessórias e da valorização da forma.

Analisando-se financeiramente a estrutura metálica em comparação com a estrutura de concreto, mais a nível de investimento, obviamente dentro do tema “Alto Padrão”, temos a seguinte rotulação:

 

 

A – Estrutura Metálica: devido a rápida execução da estrutura, o investidor verá seus recursos aplicados ao longo de um período mais curto em relação às construções convencionais, o que gera uma segurança maior, pois ele estará menos sujeito a reajuste e correções devidos a um cenário econômico instável. Consequentemente o retorno de seu investimento será mais breve.

B – Estrutura de Concreto: As estruturas de concreto em geral, quando comparadas com as de aço, possuem em prazo de execução maior. Portanto, numa economia como a do Brasil, os materiais, principalmente o cimento, que não é estocado, ficam sujeitos a grandes variações de preços, o que leva a correções, distorções no custo total da obra num volume muito grande.

 

 

Particularização

 

a) Pequeno Investidor: é aquele que, em geral, faz a estrutura para uso próprio, mais comumente residencial. Este investidor não dispõe de grande volume de recursos e logicamente não tem fontes que possam gerar tais recursos. Portanto, não é interessante para ele fazer um investimento, do qual não se sabe o montante e nem ao menos como será o desembolso. É nessa hora que a estrutura metálica facilita o investimento, pois o investidor sabe exatamente o tanto de recursos necessários e a resposta para o investimento é imediata, mesmo que o concreto seja mais barato. Este investidor, normalmente, já investiu no mercado da construção, quer seja em construção unifamiliar (por administração) ou em edifício (preço de custo) e ele, mais do que ninguém, conhece as divergências entre os custos orçados e os custos reais, sendo que ele é hoje, sem dúvida, a maior força na utilização da construção estrutural metálica. Em geral, são profissionais liberais e empresários não ligados a área da construção civil. 

 

b) Grande Investidor: em geral é aquele que constrói para comercializar o imóvel, portanto, necessita de um retorno rápido para não ficar com o capital imobilizado. A estrutura metálica consegue agilizar a obra diminuindo o tempo de imobilização de capital, diminuindo consequentemente a possibilidade de prejuízos por mudanças na política econômica.

 

Aplicação Econômica da Estrutura Metálica

 

a) Edifício de escritório em geral:
Para este tipo de utilização, a arquitetura busca compatibilizar os espaços de maneira que haja o maior aproveitamento da área, consequentemente, dá-se preferência a um arranjo estrutural com pilares periféricos e grandes vãos, onde a esbelteza e a leveza são importantes, portanto a estrutura metálica é recomendada.

Outro ponto a ser considerado é que frente a repetitividade causada pela modulação, técnica bastante utilizada na engenharia e na arquitetura, a produção em série de peças estruturais em aço barateia ainda mais a estrutura e consequentemente, a montagem, também repetitiva, fica mais fácil e ágil, diminuindo o gasto com mão-de-obra e com tempo de uso de equipamentos em geral.

 

b) Residências de Alto Padrão:
A estrutura metálica, dentro de condições de técnicas, disponibilidade de mão-de-obra e de capacidade de produção de perfis metálicos, não se presta, ainda, no Brasil, para a utilização em residências de baixo custo como as de conjuntos habitacionais para população de baixa renda, o que não significa que não possa vir a ser, quando as tradições derem lugar as pesquisas.
A utilização da estrutura metálica em residências de alto padrão está diretamente associada às disposições do projeto de arquitetura, onde se valoriza a forma e o melhor aproveitamento dos espaços. Por exemplo, uma sacada, elemento constantemente empregado neste tipo de projeto, com um balanço muito grande, sem dúvida, uma estrutura metálica desempenharia um papel melhor do que o concreto: ou então numa sala sem pilares centrais, o que aumentaria muito os vãos, também viabiliza a estrutura metálica. Os mezaninos, em geral, com formas suaves e discretas, dando a sensação de estarem flutuando, só conseguem este efeito de leveza se executados com perfis metálicos.
 
 
 
 

 

História da Estrutura Metálica

Por: Carlos Freire

Vejamos de maneira rápida os antecedentes da estrutura metálica por meio de algumas datas significativas:

Produção do Ferro
1720 – Obtenção de ferro por fundição com coque e início da produção de ferro de primeira fusão em grandes massas.

1784 – Aperfeiçoamento dos fornos para converter ferro de primeira fusão em ferro forjável.

1864 – Introdução do forno Siemens-Martin para produção de aço.

 

Conformação do ferro
Meados do Séc.XVIII – Laminação de chapas de ferro.

1830 – Laminação dos primeiros trilhos de trem.

1854 – Laminação dos primeiros perfis I sendo feita a primeira normalização de um material utilizado na construção civil.

 

Utilização do ferro
1779 – Primeira obra importante de ferro, ponte sobre o Severn em Coalbrookdale, na Inglaterra, projetada por Abraham Darby com vão de 30m.

Começo do Séc.XIX – Utilização de cabos em pontes
1801 – Primeiro edifício industrial em ferro em Manchester.

1850 – Alcançou-se 300m de vão com ponte a cabo.

1851 – Início da utilização do ferro em grandes coberturas (naves); Palácio de Cristal em Londres,

projetado por Joseph Paxton.

1852 – Estações ferroviárias de Paddington (Londres).

1853 – Mercado Central do Halles (Paris).

1855 – Primeira ponte de grande vão com vigas.

1862 – Estações ferroviárias do Norte (Paris).

1866 – Construção de uma cobertura em Londres com 78m de vão.

1868 a 1874 – Ponte em aço sobre o Rio Mississipi em St. Louis, projetada por Eads, com 3 arcos treliçados, tendo o maior deles 159m de vão.

1875 – Palácio de Cristal (Petrópolis).

1879 – Edifício Leiter I, construído pela “Escola de Chicago”.

1883 – Ponte de Brooklyn (New York), pensil com 487m de vão.

1890 – Ponte sobre o “Firth of Forth” (Escócia) em balanço duplo treliçado, com vão central de521m.

1894 – Edifício Reliance construído pela “Escola de Chicago”.

1901 – Estação da Luz (São Paulo); Mercado do Ver-0-Peso (Belém); Estação Ferroviária de Bananal (Bananal).

1910 – Teatro José de Alencar (Fortaleza).

1910 a 1913 – Viaduto Santa Efigênia construído com estrutura belga, com 225m de comprimento vencidos por três arcos.

Na década de 30 – Edifício Chrysler e o Empire State (110 andares) ambos em Nova York.

 

Como se pode notar pelas datas acima, o emprego do ferro a princípio estava restrito a pontes, porém, mais tarde, com o advento da revolução industrial, começou-se a generalizar o uso do aço, exceto para residências.

 

A utilização do ferro foi um fator importante no distanciamento entre os engenheiros e os arquitetos da época, pois a construção com arquitetura classicista era muito conservadora em relação à explosão da revolução industrial.

 

A comparação das palavras Hábito e Habitação é uma boa ilustração do conservadorismo que sempre reinou na construção.

 

Uma das maiores ajudas que o ferro recebeu no final do Séc.XIX para se estabelecer, inclusive em residências, foi o encarecimento da matéria prima e da mão-de-obra para estruturas de madeira e o estabelecimento de normas contra incêndios mais rígidas, sem falar na possibilidade de melhor aproveitamento dos espaços com maiores vãos.

 

A Escola de Chicago:
Chicago, depois da quase completa destruição pelo incêndio de 1871, teve um período de auge na construção, principalmente com a chegada das estradas de ferro, que transformaram a cidade num dos maiores mercados do mundo para o trigo, alimentação, máquinas e ferramentas.

Para suprir tão grande e rápido crescimento da cidade, a única maneira de satisfazer as exigências do mercado era a verticalização com estrutura metálica, tanto pela a resistência ao fogo, como pela maior resistência estrutural e pelo maior aproveitamento dos espaços com grandes vãos.

Em 1895 o novo método já era corrente em todos os Estados Unidos, a exemplo de Chicago, o que foi ainda mais facilitado com a invenção do elevador por E.G. Otis.

 

A Escola Européia: França, Bélgica e Suíça
A França sempre esteve junto com a Inglaterra nos avanços do uso do ferro e do aço, principalmente no aspecto relativo a pontes onde se destacou Gustave Eiffel. Depois de uma série de exposições universais de tecnologia em Paris, o ferro passou a ter um papel muito importante. A Torre Eiffel, que foi um símbolo criado para a exposição de 1889, apesar da grande polêmica que causou, abriu caminho para outras obras, inclusive algumas grandes e discutíveis como um arco tri-articulado de 110m de vão na Galeria das Máquinas em Paris.

Com a Primeira Grande Guerra a Europa mergulhou num mar de retrocessos e conservadorismos, dificultando o uso do aço e facilitando o desenvolvimento dos conceitos de uso de concreto armado, sendo Perret e Garnier dois de seus precursores. Mesmo com este retrocesso, ainda foi possível, graças a Le Corbusier, manter a estrutura metálica viva e competitiva na Europa.

 

A Indústria Siderúrgica no Brasil
Somente após a 2a. Guerra Mundial com a construção da Usina de Volta Redonda no Rio de Janeiro, a Indústria Siderúrgica implantou-se de fato no Brasil.

Datam das décadas de 50/60 alguns bons exemplos de obras em estrutura de aço no Brasil, tais como o Edifício Avenida Central no Rio de Janeiro, com 34 andares e o Viaduto Rodoviário sobre a BR-116, em Volta Redonda.

Obras atuais construídas no Estado de São Paulo, que merecem destaque são a Estação do Largo 13 de Maio, da FEPASA, as pontes vicinais construídas pelo Governo Estadual, as construções padronizadas de interesse social (creches, por uso comercial ou habitacional), construídos não só na Capital, como também no interior, além, é claro, de inúmeras obras industriais.

 

 

 

Helipontos em Shopping Centers

A solução de transporte urbano rápido em São Paulo Artigo publicado na revista AVIO n. 84 de autoria do Eng. Carlos Freire

Ao longo dos últimos anos trabalhei no projeto de inúmeros Helipontos e tive a oportunidade de conhecer vários usuários de helicópteros, em virtude disso sempre discutimos as dificuldades de operação de Helicópteros na cidade de São Paulo, face à falta de Helipontos públicos.

No ano passado fui procurado por um amigo que cansado do trânsito e da pressão de São Paulo, mudou-se para um condomínio fechado a 60 Km de São Paulo, dizia-me ao telefone:

– Carlos preciso que você venha a minha chácara para iniciarmos a construção de um heliponto, pois estou comprando um helicóptero para ir trabalhar em São Paulo.

Enquanto conversávamos, ia notando que meu amigo passava a fazer parte do grupo de pessoas que tentam a utilização do Helicóptero diariamente e acabam completamente desolados.

Aquela idéia de levantar pela manhã, desfrutar o delicioso ar do campo, encontrar os “amigos” e juntos de helicóptero, virem trabalhar diariamente; caiu por terra quando concluímos que os helipontos onde se pretendia que o comandante aterrisase, são privados e que os proprietários ou que o condôminos não permitiriam a operação de estranhos. Quanto eles cobram para pousar e decolar ? Procuro mostrar que o problema é privacidade e não dinheiro.

Diante deste quadro tenho conversado com amigos e pessoas interessadas para que juntos pudéssemos achar uma solução.

Tenho conhecimento que algumas empresas de Táxi-Aéreo trabalham isoladamente em busca de uma solução, inclusive já fizemos várias análises de viabilidade aeroportuária para construção de helipontos em vários locais estrategicamente posicionados.

Estes projetos nunca chegaram a resultados concretos por se tratar de um alto investimento com previsão muito lenta de retorno. Outra idéia seria procurar os proprietários de Helipontos já registrados e tentar negociar algumas operações diárias.

Sempre chegamos ao insucesso devido ao problema da perda de privacidade, segurança e custo.

Logo que começamos a buscar uma solução para nossa rede de helipontos, fomos casualmente procurados pelo síndico de um prédio na Av. Paulista para construir um sistema de balizamento noturno no Heliponto do condomínio que havíamos construído e registrado há alguns anos.

Aquele era sem dúvida o momento exato para iniciarmos nossa rede de heliponto pois o síndico nos informara que 60% dos condôminos não utilizavam o heliponto e não concordavam em custear com a verba de obras do condomínio a execução do balizamento do Heliponto. Participamos da reunião do condomínio não tão preocupados em vender o balizamento quanto convencê-los das vantagens financeiras geradas pela eventual operação comercial do heliponto.

Achei o resultado da reunião excelente; não existiu se quer um condômino que se opuse-se, apenas objeções quanto a segurança do edifício foram levantadas, embora não fosse só esta nossa intenção, eles entenderam sermos os virtuais interessados na locação do Heliponto e solicitaram um prazo de 15 dias para informar o valor da locação mensal (imaginavam sermos como aquelas empresas que locam garagens em condomínios).

Decorridos 10 dias tivemos a esperada resposta. Pasmem !!! R$ 25.000,00/mês mais as obras de balizamento noturno e de aumento dimensional da plataforma visando a operação de helicópteros maiores além da construção de sala VIP na cobertura do Edifício e o pagamento de empresa de segurança para as atividades do Heliponto. Embora inviável economicamente a origem daquele valor me levou a discutir o assunto novamente com os Condôminos. Soube então que este valor é normalmente pago pelas emissoras de Rádio e TV aos condomínios em que colocam suas antenas na região da Av. Paulista.

Acho que podemos tirar inúmeras conclusões desta experiência.

NOSSA PROPOSTA

A única opção que nos parece viável em todos os aspectos seria a criação de uma rede de Helipontos nos Shoppings da grande São Paulo e é isto que gostaríamos de apresentar.

Análise logo abaixo (corredores visuais de helicópteros na CRT), podemos observar as seguintes informações importantes:

1. Existem pelo menos 20 possibilidades viáveis de criação de helipontos dentro da grande São Paulo, em locais de uso público e com custo baixo. Os Shopping Centers e alguns Supermercados.

2. Sendo os CH (Corredores de Helicópteros) projetados pela Diretoria de Eletrônica e Proteção ao Vôo, visando propiciar o máximo de áreas livres no solo onde o helicóptero possa efetuar um pouso de emergência com o mínimo risco possível para as pessoas e propriedades, parece que os nossos Shoppings helipontos pela sua posição estratégica estão garantidos no aspecto segurança, pois quando não estão nos próprios corredores existentes, estão bem próximos.

Os Shoppings já estão dotados dos mais importantes equipamentos e acessórios para a operação dos Helipontos, tais como: segurança, estacionamento, facilidade de acesso, táxis etc.

Os únicos investimentos a serem feitos seriam a construção dos Helipontos e de salas vips, para embarque e desembarque e logicamente o treinamento do pessoal da segurança.

Porque construir com estruturas metálicas

Não acho válida a simples comparação dos dois sistemas construtivos pois existem, para cada tipo de construção, vantagens no uso de estruturas metálicas ou de concreto (ver quadro abaixo). Não deveria existir uma mentalidade competitiva, mas sim a de se tirar proveito do melhor de cada um dos sistemas, podendo ainda as soluções mistas serem as mais proveitosas, onde cada material é adequadamente utilizado num trabalho conjunto.
No caso de edifícios, onde mais se insiste em comparações, é quase impossível afirmar “a priori”, que a estrutura metálica seja melhor ou pior que a de concreto. Cada caso deverá ser examinado tecnicamente, visando o satisfatório resultado de custo-benefício.

A tendência na área de construção é de aumentar a utilização das estruturas metálicas, ainda carente no Brasil por um fato cultural e histórico. Hoje em dia, a mentalidade está mudando, especialmente por parte dos arquitetos, que são sempre os grandes aliados dos sistemas construtivos.
Com a existência de fábricas maiores e de projetos mais sofisticados, aliados à maior experiência, a quantidade de estruturas metálicas para grandes obras tem aumentado.


  • Aumento da área líquida com aumento de valor venal e locativo;
  • Aumento dos espaçamentos entre colunas, aumentando a área útil nas garagens;
  • Maior nº de andares para o mesmo gabarito, considerando vigas menos altas ou emprego de estruturas mistas;
  • Maior facilidade de manutenção;
  • Diminuição de patologias no decorrer do tempo;
  • Menores riscos de alterações de previsão e demanda graças à rapidez de entrega;
  • Maior valor residual (no caso de desmontagens) com reaproveitamento de todo material estrutural.

 

Fonte: metalica.com.br

ABCEM – Sala Vip – Eng Carlos Freire

Carlos Freire: bons projetos explorando bem a fabricação em CNC lembram as obras rebitadas da revolução industrial

Engenheiro civil Carlos Alberto Freire de Andrade
Lopes, ou apenas Carlos Freire, como é conhecido, é uma autoridade quando o assunto é estrutura metálica. Formado em 1980 pela Escola de Engenharia Mauá e diretor técnico do escritório que carrega o seu nome, possui mais de três décadas de experiência no segmento. No decorrer da carreira desenvolveu know how em nichos específicos da construção em aço, como projetos de helipontos, edifícios para empresas petroquímicas, além de atuar
no desenvolvimento de projetos de recuperação estrutural.
Porém, mais do que isso, se tornou um especialista em CNC (sigla para controle numérico por computador). Trata-se de um sistema de fabricação de estruturas metálicas a partir de arquivos enviados por um software de modelagem 3D, que contém todas as informações relacionadas à estrutura. Utilizada há mais de 20 anos em países europeus e também nos Estados Unidos e no Japão, a tecnologia ainda é recente no Brasil, e, segundo o engenheiro, pode impulsionar ainda mais o uso de sistemas construtivos industrializados no mercado brasileiro, ainda definido por soluções artesanais. Freire, associado da ABCEM desde
2002, durante a entrevista para a Revista Construção
Metálica, falou sobre sua experiência com o CNC e as vantagens deste processo
em relação aos métodos convencionais.
Confira a seguir:

Desde quando o seu escritório utiliza o CNC nos projetos?

Carlos Freire – Começamos a utilizar em 2002. Em alguns países europeus, nos Estados Unidos e no Japão o processo de fabricação automatizada de estruturas metálicas por CNC é empregado desde a década de 1990. Conheci o processo ao visitar empresas na Europa.
Na ocasião, adquiri um software finlandês de modelagem 3D com resultados de arquivos para operação em CNC.

Qual foi o primeiro projeto que você utilizou esse tipo de tecnologia?

Freire – A primeira obra foi o heliponto do Hospital Paulistano, em São Paulo,
em 2003. Ele é todo em estrutura metálica, parafusado e totalmente projetado e produzido com o uso de CNC.

Como foi utilizar um sistema ainda novo no país?

Freire – Em 2002 tínhamos muita dificuldade em manipular o programa de modelagem porque não existia outro usuário no Brasil. Na época, delegamos a um único profissional do escritório a missão de utilizar o software. À medida que surgiam dúvidas, recorríamos ao fabricante na Europa.
O problema é que a empresa conhecia o software, mas não o sistema construtivo em aço. Hoje, com a disseminação da tecnologia é mais fácil a troca de ideias. Sem contar que o treinamento e a aprendizagem tornaram-se mais fáceis à medida que outros profissionais se especializaram.

Pode-se dizer então que a tecnologia foi incorporada pela maioria dos escritórios brasileiros?

Freire – Aos poucos, o sistema está sendo disseminado aqui no Brasil. Temos, de fato, pleno conhecimento da tecnologia, embora exista uma quantidade pequena de profissionais que trabalhem com ela. Porém, trata-se de pessoas muito qualificadas e realmente aptas a fazer o que se faz globalmente.

Como o CNC pode ser definido dentro do processo de fabricação da estrutura metálica?

Freire – O CNC é uma parte do processo de produção da estrutura metálica. Existem algumas etapas anteriores, como o cálculo e o planejamento da estrutura.
Nesta última, a obra é detalhada peça a peça, por meio de um software de modelagem com posição das perfurações, bem como das medidas exatas das peças.
Nessa etapa são geradas as informações necessárias para que a máquina de CNC trabalhe. Logo, a operação em CNC pode ser feita de duas maneiras. Desenha-se a peça que se quer produzir e uma máquina é programada para executar o que está no desenho. Mas já tivemos avanços. Atualmente, o próprio programa é utilizado para realizar o detalhamento da estrutura, criando um arquivo no formato do processamento usado nos equipamentos CNC. Esse arquivo vai diretamente para a máquina que executa o serviço.

Quais são as vantagens em relação ao sistema convencional?

Freire – Quando se emprega alta tecnologia, muitos valores passam a ser agregados. Uma vantagem está diretamente relacionada ao custo. Uma estrutura projetada e fabricada por CNC chega a custar 20% a menos do que a produzida de forma convencional, uma vez que as chances de erros são praticamente nulas. O software possibilita o dimensionamento exato de cada peça e também de todas as ligações. Todo o detalhamento é enviado para o computador, que realiza o trabalho em um sistema fechado em 3D. Outra vantagem é que ainda é possível dar nome às peças, facilitando a montagem, então realizada de maneira sequenciada em função das identificações feitas. O mais interessante é que o sistema permite a criação de uma maquete eletrônica da obra. Quando os arquivos das peças que compõem essa maquete eletrônica são gerados, a máquina corta e perfura exatamente conforme o modelo determinado pelo sistema. Além de qualidade, o processo imprime velocidade na execução do projeto.

Aos poucos, o sistema está sendo disseminado aqui no Brasil. Temos, de fato, pleno conhecimento da tecnologia, embora exista uma quantidade pequena de profissionais que trabalhem com ela.

Os elementos a serem montados não têm peças soldadas. O objetivo é usar o CNC para evitar soldas, inclusive, de fabricação
Obra acabada
O modelo (acima) representa a maquete em escala 1:1 e é praticamente idêntico à obra acabada (ao lado)

Como é a oferta de softwares atualmente?

Freire – Hoje o mercado dispõe de cinco ou seis softwares de modelagem 3D de fabricantes de origens diferentes.
Cada programa desses tem um preço e uma determinada eficiência, mas todos conseguem trabalhar com o cálculo, o detalhamento e a geração dos arquivos em CNC. Existem diferenças entre eles, porém, são todos muito eficientes.

Com quantos deles você trabalha no escritório?

Freire – Atualmente temos três softwares de modelagem aqui no escritório. Apesar de diferentes, todos geram arquivos de CNC. Normalmente usamos o programa que o cliente tem. Ao realizar uma obra, instalamos o software no computador e carregamos a estrutura que será montada.
Como se trata de um programa inteligente, basta abrir o modelo 3D e clicar sobre uma determinada peça que ele automaticamente mostra o nome do componente e onde ele deve ser instalado.

Existem diferenças de qualidade entre os softwares?

Freire – A diferença entre um programa e outro é que alguns possuem recursos a mais. O que possibilita que alguns desenhos sejam feitos com maior facilidade e velocidade, utilizando recursos que talvez outros não tenham, principalmente em relação ao detalhamento das ligações das peças. Porém, em obras mais convencionais, como edifícios corporativos com estruturas inteiramente em aço, por exemplo, o mais simples consegue atender.

Alguma tipologia de obra exige mais recursos desses programas?

Freire – No setor petroquímico, por exemplo, que denominamos de edifícios de processos. Além da estrutura metálica, é preciso considerar o tipo de tubulação que transporta os elementos químicos no prédio e os vários equipamentos necessários, de maneira que tais informações acabam por interferir no projeto. Neste caso, a base ou piso das estruturas metálicas tem de receber perfurações exatas
para a fixação em pontos pré-determinados.
Eu diria que nesse tipo de obra só é possível se obter qualidade por meio de processos com modelagem 3D, uma vez que todas as informações serão inseridas no CNC. Aliás, ao longo destes 30 anos de experiência com estruturas metálicas, encontrei muitos problemas na fabricação e montagem desse tipo de edifício.
Em geral, isso acontece com construções mais complexas, quando o partido arquitetônico é repleto de curvas. Na Europa, existe uma tendência de projetos executados com estrutura em aço, com essa característica de arquitetura mais fluida e repleta de traços orgânicos. Em construções olímpicas temos muitos projetos assim. Nessa tipologia, as peças são bem
complicadas de se executar, exigindo mais recursos do programa. Os estádios vistos nos Jogos Olímpicos de 2008, na China, são um exemplo.

Qual o projeto mais significativo que você já executou com o uso do CNC?

Freire – Foi uma fábrica inteira do Grupo Ultra no polo petroquímico de Camaçari (BA). São vários edifícios de processos, todos produzidos em 3D e processados em CNC.

O que o sistema em CNC representa hoje para a construção em aço?

Freire – Eu acho fundamental associar não só o CNC, mas toda a modelagem 3D à construção metálica. A tecnologia garante qualidade, precisão, flexibilidade nas formas, além de significativa redução de custos ao projeto como um todo. Costumo dizer que o método descaracteriza o conceito de fábrica de estrutura metálica, criando o de centro de processamento em aço.

Qual a diferença básica entre os dois?

Freire – Em alguns países, particularmente nos Estados Unidos, existem várias empresas que se auto-intitulam steel center, que significa centro de processamento em aço. Isso é muito comum no mercado americano. As construtoras podem escolher entre quatro ou cinco steel centers para fabricar as vigas e entregar direto na obra. Ocorre até de várias trabalharem em um mesmo projeto. Nós tivemos alguns modelos assim no Brasil, mas sem sucesso. Isso mudaria o conceito de fabricante de estrutura em aço no país. Lá quem faz a obra é a construtora, e não quem produz a estrutura  metálica. Aqui, muitas vezes, os fabricantes são responsáveis até pelo projeto. Acho que eles ficariam até felizes se funcionassem como um steel center. O fabricante não tem que ter responsabilidades de engenharia, pois isso recai sobre os projetistas. Ele tem que recortar e perfurar o aço, o que representaria um grande negócio para os produtores de estrutura.

Existe algum tipo de restrição para o uso do CNC na fabricação de estruturas metálicas? Ou seja, alguma tipologia de obra o qual ele não seja indicado?

Freire – O CNC funciona bem para a produção de vigas do tipo I, H e cantoneira.
Em uma estrutura treliçada, por exemplo, ele não se aplica tão bem. A menos que se utilize uma máquina para fabricação de treliça em CNC, o que é pouco comum no Brasil. Outra questão importante é que essa tecnologia é mais indicada à construção da estrutura metálica com parafusos.
O que não significa que não exista solda no CNC, até pode ser utilizada num sistema automático, mas a resposta nem sempre é eficiente. Os projetos mais recentes que temos executado lembram as estruturas de rebite, comuns às peças fabricadas durante a revolução industrial inglesa,
completamente sem soldas. Trata-se de obras com montagem 100% parafusadas, com galvanização a fogo. Isso é possível graças ao CNC, que possibilita um corte preciso. A ideia é eliminar o trabalho artesanal, isto é, produzir cada vez mais a estrutura no computador e sem grandes
interferências do homem.

Modelo completo do heliponto do Hospital Paulistano que foi 100% fabricado em CNC. Todas as ligações são formadas por peças soltas e parafusadas na montagem

Publicação Especializada da Associação Brasileira da Construção Metálica – ABCEM

Edição 111 | 2013 | ISSN 1414-6517